São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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FHC rompe com grupo de Juiz de Fora

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, deixa o governo na próxima semana rompido com o grupo de Juiz de Fora e acumulando desentendimentos com o presidente Itamar Franco.
FHC reclama da influência dos militares sobre Itamar e do poder do presidente da Telerj, José de Castro, sobre as principais decisões do governo.
FHC tem dito a parlamentares do PSDB e do PFL que não consegue convencer o presidente Itamar a adotar uma postura mais conciliatória com o STF (Supremo Tribunal Federal) em função dos argumentos do grupo de Juiz de Fora, sobretudo de José de Castro e do assessor jurídico do Planalto, Alexandre Dupeyrat.
Segundo a Folha apurou, FHC chegou a desabafar com um parlamentar tucano que havia desistido de interferir na decisão do presidente Itamar de manter o confronto com o STF em função da conversão dos salários em URVs (Unidade Real de Valor).
FHC disse que Itamar está "irredutível" e que está gostando da repentina popularidade adquirida pela confronto com o Legislativo e Judiciário.
Irritação
Nos últimos dois dias, FHC irritou-se com o fato de presidente Itamar Franco usar o plano econômico como argumento para justificar a manutenção do confronto com os ministros do Supremo Tribunal Federal.
A exemplo de José de Castro, que disputa com Alexandre Dupeyrat o Ministério da Justiça diante da provável saída de Maurício Corrêa na próxima semana para concorrer ao Senado, Itamar recusou várias propostas de conciliação argumentando que não poderia ceder porque prejudicaria o programa de FHC.
FHC avalia que Itamar não aceitou até agora qualquer proposta de conciliação porque o grupo de Juiz de Fora considera que o presidente perderia a autoridade se recuasse no confronto do Executivo com o Legislativo e Judiciário.
O ministro da Fazenda disse a vários interlocutores que esse argumento, que também é reforçado pelo ministro da Justiça, Maurício Corrêa, e pelo ministro das Comunicações, Djalma Moraes, anulou qualquer tentativa de conciliação.
Desde quarta-feira, FHC ganhou um aliado inédito até agora, que é o ministro do Exército, Zenildo de Lucena.
Ao contrário dos demais colegas de farda, Zenildo também se aliou a FHC no esforço de convencer o presidente a buscar uma conciliação com o Supremo Tribunal Federal.

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