São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dom Luciano descarta golpe militar

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Luciano Mendes de Almeida, descartou ontem a possibilidade de um golpe militar diante da crise institucional entre os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.
"Pelo que eu conheço dos militares, não há nenhuma intenção neste sentido. A vontade de acertar das pessoas é muito maior do que a que aparece nos jornais", afirmou o presidente da CNBB, respondendo à pergunta de um estudante num debate sobre os 30 anos do movimento militar de março de 64, no auditório da Pontifícia Universidade Católica do Rio.
Imprensa
Dom Luciano classificou de "incendiárias" as manchetes dos jornais de quinta-feira.
Após o debate, em conversa com os repórteres, frisou que estava se referindo apenas ao noticiário de quinta-feira e não ao comportamento da imprensa de uma maneira geral.
Ele disse que o presidente Itamar Franco tem consciência que conta com a adesão do povo a sua decisão contrária ao pagamento dos aumentos autorizados pela Câmara dos Deputados e pelo Supremo Tribunal Federal.
"Uma capitulação do presidente prejudicaria o plano de equitatividade de salários no funcionalismo. Mas o Supremo também precisa preservar sua autonomia", afirmou.
Solução
Para o presidente da CNBB, a crise deve ser resolvida administrativamente.
"Temos que desviar os conteúdos adjacentes e nos concentrar no ponto-chave, que é a definição sobre os salários. A questão deve ser examinada com toda lucidez", disse.
Metáfora
Dom Luciano recorreu a uma metáfora para analisar a possibilidade de um golpe militar no momento.
"Você sempre pode bater numa árvore". Ele acha que as autoridades preservarão o bom senso e encontrarão uma solução negociada a curto prazo.
Consolidação
"Precisamos consolidar a base democrática sem afetar a independência dos três poderes. A democracia deve estar preparada para estes sobressaltos", afirmou Dom Luciano.
Nos últimos dias ele conversou com o presidente da República, Itamar Franco, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Otávio Gallotti, e com diversos parlamentares.

Texto Anterior: FHC rompe com grupo de Juiz de Fora
Próximo Texto: STF só aceita acordo em abril
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.