São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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"Não me ligo nessas coisas"

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

'Não me ligo nessas coisas'
Quando alguém pergunta a Mônica Monteiro Miranda seu dia de nascimento, ela gosta de responder: "31 de março de 1964 (pausa), dia da revolução." Ela explica: "Acho interessante ter nascido nesse dia. As pessoas reparam, não esquecem." Por outro lado, Mônica fala muito pouco sobre o que ocorreu no dia em que nasceu: "Não lembro do que foi a revolução."
Mônica se recorda do mundo pós-1986. "Estamos numa bagunça já faz tempo. Desde o Plano Cruzado." Sem interesse por política, votou em Collor em 89 ("Foi uma vergonha o que aconteceu") e ainda não sabe em quem votará este ano. "Um candidato ideal? Meu pai", diz. "Acho que sou meio infantil. Não me ligo muito nessas coisas", acrescenta.
Formada em comunicação visual, Mônica não consegue emprego em sua área desde março de 93. Atualmente, trabalha numa agência de turismo. Em casa, gosta de fazer caixas de embalagem e também de bordar. "Me relaxa", diz. Ela está noiva há um ano e pretende se casar em março do ano que vem.
Neta e bisneta de portugueses, Mônica diz pertencer a uma geração "muito reprimida". É católica, reza toda noite e frequenta a igreja. Cita as coisas que sua irmã de 26 anos faz ou já fez –e que nunca teve a oportunidade de fazer. "Tem coisas que acho um absurdo. Viajar ela, o namorado e mais um casal, por exemplo."

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