São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Baixo preço lota os poucos drive-in de SP

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de decadentes e até bem sujos, os drive-in (estacionamentos usados para namoros, sem cinema) resistem em São Paulo.
Os fiéis frequentadores e os que não têm dinheiro para patrocinar o encontro em um motel –que estão em uma faixa de CR$ 20 mil a mais de CR$ 100 mil, contra CR$ cerca de 5 mil por uma vaga de drive-in– garantem hoje movimento intenso nos poucos exemplares que ainda sobrevivem.
Nos anos 70 eram 250, segundo a Polícia Federal. Nenhum órgão da prefeitura sabe precisar quantos são hoje, mas os proprietários e gerentes de seis deles visitados pela Folha acreditam que existem entre 20 e 30 na cidade.
"Sábado, quando vêm menos de 80 carros, é considerado dia fraco", diz Sandra Cristina Santos, 22, gerente do Trenzinho, um drive-in que existe há 18 anos e possui vagas para 36 carros. Segundo a gerente do Copacabana, que pediu para o nome ser preservado, 24, é difícil traçar um perfil dos clientes. "Tem tudo: pessoas mais velhas, que frequentavam na adolescência, gente nova que descobriu o drive-in porque não pode pagar o motel e os que gostam mesmo de namorar no carro."
O ritual é o mesmo desde os anos 60. O motorista entra no estacionamento, desliga os faróis, entra num box vago, acende a lanterna e é atendido pela garçonete. Faz o pedido e a menina fecha a cortina da baia. O casal só vai ser interrompido se acender de novo a lanterna –senha para chamar a garçonete.
"Tem casais que ficam umas seis horas namorando, almoçam e até jantam", diz Maria da Conceição, ex-garçonete e hoje proprietária do Trevas, um drive-in de 23 anos com 30 vagas. "Mas tem também os casais que ficam só cinco minutos", afirma R.B., do Copacabana. O motivo: "Ou não gostam, ou é uma conversa rápida, ou sei lá", diz a gerente.
Dois tipos de incidentes acontecem com frequência dentro dos pátios. O mais clássico deles é a buzinada não-intencional. "Tem sempre alguém que bate o pé ou se encosta na buzina sem querer", segundo Sandra, do Trenzinho.
O outro incidente é mais constrangedor: é comum os veículos quebrarem e terem que ser empurrados para fora do estacionamento pelo casal e até por seus vizinhos.

DRIVE-IN: Trenzinho, av. Ricardo Jafet, 745; Copacabana, r. Dr. Mário Vicente, 49; Trevas, av. Juntas Provisórias, 1.281; Keto, av. Tancredo Neves, 434; Texas, av. do Estado, 6.829.

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