São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Dúvida

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise atravessou sábado e domingo patinando, sem forças. O locutor Maurício Corrêa chamou coletiva para dizer que o seu pronunciamento de sexta não era para valer. Quer dizer, quando falou grosso, visava apenas o público externo. Não era para ninguém do público interno –do Supremo, por exemplo– deixar-se enganar pelas palavras.
Ontem, outra vez, insistiu nas desculpas. "O que sempre o presidente questionou foi a diferença de datas", disse o ministro,no Jornal de Domingo. "Na medida em que se equaliza o pagamento, estará a dúvida completamente resolvida." O que era crise virou dúvida e "o governo amenizou o discurso", na avaliação do Jornal de Domingo.
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Foi uma "Realização Rede Bandeirantes", como entrou, em destaque, no final de uma hora de programa. Mas também contou com o apoio, por assim dizer, da "TVT Produção e Comunicação", como entrou, sem nenhum destaque, no final. A Bandeirantes é a terceira maior rede do país. A TVT é a produtora eleitoral de Quércia e Fleury.
O programa ou a propaganda política foi mais um esforço de imagem do governo Fleury, que não tinha nada para apresentar, no ano eleitoral, além de uma hidrovia. Pois a hidrovia Tietê mereceu uma hora inteira no horário nobre, sábado. E sendo qualificada como "a nova promessa de expansão" ou "uma arrancada para o desenvolvimento".
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Mudaram até o nome –de Domingo Forte para Programa de Domingo– mas o que não muda no programa dominical da Manchete é o lugar reservado à propaganda malufista. Entra semana, sai semana e alguém da equipe é obrigado a cobrir uma inauguração ou qualquer outro acontecimento na vida ou na obra do prefeito presidenciável Paulo Maluf.
Ontem, foi a vez do "primeiro túnel viário a cortar o subsolo de um rio" no mundo inteiro, na descrição da repórter. O candidato Paulo Maluf, é claro, apareceu para atacar "a administração anterior", que "parou esta e todas as obras de Jânio Quadros". Para ele, "é um crime". Pode ser, mas não é o único nessa história.
Olho vivo
Ainda é pouco, mas começou ontem uma contrapropaganda eleitoral, nos diversos canais. "Olho vivo, cidadão", avisa seu slogan.

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