São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Bolsas de Valores aguardam definições

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

A provável confirmação do lançamento da candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, às eleições presidenciais de outubro tornou-se o motor das cotações das ações negociadas nas Bolsas de Valores. Para os principais administradores de investimentos do mercado acionário, a saída de FHC do cargo será um gesto capaz de trazer de volta a alegria dos pregões do início do ano.
É a primeira vez que se torce abertamente pela "queda" de um ministro da Fazenda. "Os investidores estrangeiros estão esperando a definição de Fernando Henrique", afirma George Rexing, diretor de mercado de capitais do Banco de Boston. "Todos concordam que a candidatura dele é a melhor alternativa para a condução do programa de estabilização."
Segundo Jair Ribeiro, diretor da Salomon Brothers/Patrimônio, o plano econômico lançado por Fernando Henrique tem implementação de médio prazo, com necessidade de procedimentos que se apresentarão ao novo governo, a ser eleito em outubro.
"O mercado está nesta expectativa porque quer antecipar a tendência do plano e não vê outros concorrente de peso para enfrentar o Lula", acrescenta Ribeiro. As Bolsas receberam um leque variado de más notícias na semana passada. Do assassinato do candidato favorito ao governo do México à briga sem fim entre os Poderes da República.
Mesmo assim, os preços subiram 4,5%, na quarta-feira, e 5,9%, na sexta. "Nestes dias, aumentou a confiança de que Fernando Henrique seria mesmo candidato", acrescenta Dionísio Leles, superintendente de mercado de capitais do Banco Dibens. "A verdade é que todo mundo tem medo do Lula."
Na visão dos analistas do mercado acionário, a saída de FHC do Ministério da Fazenda, de quebra, ajudaria na condução da revisão constitucional. De volta às funções de senador, Fernando Henrique poderia trabalhar as articulações políticas necessárias à votação, por exemplo, da reforma tributária, essencial ao programa de estabilização.
As cotações das ações negociadas nas Bolsas, segundo Ricardo Taboaço, diretor do Banco Icatu, têm o que crescer com a expectativa do surgimento da candidatura de Fernando Henrique. "O mercado vai ficar muito triste se sentir que o programa não terá continuidade no próximo governo", diz.
É essa a razão da ausência dos estrangeiros no pregão. Alexandre Koch, diretor de mercado de capitais da Merrill Lynch, explica que os estrangeiros estão em dúvida. "Eles têm dúvidas sobre como ficará o plano", diz. "Se Fernando Henrique ficar no cargo, ele teria só mais nove meses para administrar a estabilização, um tempo pequeno em relação às necessidades."
Isso significa que os preços das ações sofreriam um baque. "O mercado cai na hora se o Fernando Henrique desistir de disputar a Presidência", acrescenta Luis Eduardo Assis, diretor de investimentos do Citibank.

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