São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Esporte é ao mesmo tempo fascinante e cruel

ANA PAULA JUNQUEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem acompanha os bastidores da F-1, sabe: a atmosfera de festa e glamour que se esparrama das pistas para fora não tem nada ver com o clima que cerca os pilotos, suas equipes e suas famílias.
A verdade é que ao mesmo tempo em que a F-1 é fascinante ela é também cruel. Conversando com Gianni Morbidelli, da Arrrows, ele me contou o quanto se sacrificou no ano passado para reingressar no campeonato. É uma guerra conseguir um patrocinador e quase impossível obter uma segunda chance. Colocar um carro na pista está cada vez mais caro.
Em São Paulo, Senna perdeu. Mas a Fórmula 1 e o GP Brasil ganharam. Para o campeonato, a corrida foi uma glória. A vitória da Benetton sobre a Williams reabre a disputa e prenuncia um campeonato mais excitante.
Ninguém reclama de vir ao Brasil. O circuito é técnico e em nenhum outro país a participação do público é tão entusiasmada. Até os mecânicos vibram. Não por acaso, a maioria tem uma namorada para rever quando passa por aqui.
Dessa vez as pessoas não ficaram atirando ovos nem latas de cerveja de um lado para outro como costumava acontecer no Rio de Janeiro. A platéia foi a mais civilizada possível.
Tinha até um toque de brasilidade. Aquilo que se sentia nas Copas de futebol e nos torneios de vôlei. Com três pilotos, o Brasil já foi oito vezes campeão mundial. Somos o segundo país que mais títulos têm na F-1. Pode não ser muito, mas ajuda a acreditar que o país pode dar certo. Melhor ainda se o sacrifício, o empenho e o talento dos pilotos brasileiros, devidamente premiados, servirem para inspirar os pilotos de outras máquinas e de outros circos.

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