São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Alemão diz que vitória não foi surpresa

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele conseguiu. O alemão voador, Michael Schumacher, mostrou ontem, antes do esperado, que será de fato o rival de Ayrton Senna em 1994. Seu carro foi bem, sua equipe foi melhor e ele, o que sempre achou de si mesmo: perfeito. Venceu o GP Brasil, a primeira prova de um temporada que, depois do que aconteceu ontem em Interlagos, promete muito.
Schumacher afirmou após a prova que a vitória não foi "surpresa". "Desde os testes do começo do ano, o carro prometia. Os treinos de sexta-feira e sábado também foram sinais de que poderíamos vencer", disse.
Segundo o alemão, sua estratégia previa mesmo duas paradas. Na 21ª volta, quando ele e Ayrton entraram nos boxes, Schumacher disse que sua intenção era evitar o tráfego. Ele garantiu que não foi por causa de Senna. "Tivemos o mesmo pensamento", afirmou.
Parado no pit, Schumacher diz que percebeu pelo espelho retrovisor de seu Benetton que poderia sair na frente de Senna. Quando o chefe de equipe o liberou, Schumacher deixou Senna para trás.
Segundo o piloto, era essa sua única chance de ganhar. "Após a segunda ou terceira volta, percebi que a regulagem da minha asa não permitiria lutar na pista com a Williams. Tinha que dar um jeito de ficar na frente com os pits."
"Ficando na frente, eu tinha condições de administrar a corrida", afirmou. Estava mais do que certo, pois Senna, ao contrário de encher seu tanque e ter o carro mais pesado, compensando os problemas de estabilidade da Williams, preferiu não deixar Schumacher sair muito na frente.
Na 45ª volta, Schumacher abriu 9,2 segundos sobre Senna, que parou para fazer seu segundo pit. Schumacher aproveitou e fez o seu também, uma volta depois. Mas com o abandono de Senna, na 56ª volta, Schumacher não precisava mais se preocupar.
"Naquela hora só pensei que poderia relaxar", disse sorrindo. "Não que eu estivesse sendo muito pressionado por Senna. Mas poderia, a partir deste momento, poupar carro, pneus e gasolina."
Na volta final, quando só a maior das fatalidades poderia tirar sua terceira vitória na Fórmula 1, Schumacher foi cuidadoso ao ponto de não levantar as mãos para acenar para o público. "Fiquei com medo de tocar na chave geral, como aconteceu com o Nigel Mansell", brincou. Schumacher se referiu a besteira do piloto inglês que perdeu o GP do Canadá, em 91, por este motivo insólito.
Schumacher fez questão de elogiar o motor Ford e sua equipe, "pelo excelente trabalho nos boxes". O próprio piloto, dias atrás, confiava que o trabalho nos boxes poderia ser crucial na corrida. "Em 93 fomos mais rápidos que a Williams. Isso pode nos beneficiar este ano", disse na ocasião.

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