São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gaviria é escolhido para a OEA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente da Colômbia, Cesar Gaviria, foi eleito ontem secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele derrotou o ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Bernd Niehaus, por 20 votos a 14. Cuba, suspensa da entidade desde 1964, não votou.
Gaviria, 46, teve o apoio de todos os grandes países do continente. O subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Strobe Talbott, disse que sua eleição vai trazer "prestígio e respeito" à organização. Gaviria vai substituir o brasileiro João Baena Soares, que ocupou o cargo por dez anos.
"Colonialismo"
Niehaus, 51, recebeu mal a derrota. Acusou os Estados Unidos de terem feito pressão indevida sobre países pobres para eleger seu adversário.
"Pior do que a atitude imperialista dos fortes é a atitude colonialista dos fracos", disse. Em janeiro, ele tinha o apoio escrito de 20 membros da OEA.
Para o governo Clinton, a eleição de Gaviria era ponto de honra. Jovem, alinhado com os princípios de liberalização econômica defendidos pelos norte-americanos, empreendedor, Gaviria é um dos atuais líderes de países latino-americanos mais respeitados em Washington.
Seus dois principais problemas políticos imediatos serão Cuba e Haiti. Todos os integrantes da OEA, exceto os Estados Unidos, mantêm relações diplomáticas normais com Havana e Gaviria é tido como amigo pessoal de Fidel Castro. Mas os Estados Unidos insistem em manter Cuba suspensa da OEA.
No Haiti, que é representado na organização pelo governo no exílio de Jean-Bertrand Aristide, a OEA não tem conseguido –apesar do empenho– exercer pressão eficiente sobre os militares para restaurar a democracia no país, em parte devido à atitude ambígua de Washington.
Nesses dois assuntos, Gaviria vai ter que se defrontar com a discordância dos EUA caso resolva seguir a linha apoiada pela maioria dos países do hemisfério. Além desses temas, os outros pontos centrais da sua agenda na OEA serão os direitos humanos e as injustiças sociais no continente.
Gaviria também vai enfrentar o problema da estrutura burocrática da OEA, que tem 600 funcionários, orçamento anual de US$ 69 milhões e pequena eficiência administrativa. Ele deve assumir o novo cargo em agosto, quando acaba o seu mandato como presidente da Colômbia.

Texto Anterior: João Paulo 2º celebra Domingo de Ramos; Soldados franceses abandonam Berlim; Thatcher elogia general Pinochet; Termina sequestro após 16 meses; Tornado mata 16 em igreja nos EUA
Próximo Texto: Assassino diz ter agido só
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.