São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994 |
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Eco-92 deu fama de negociador
DANIELA CHIARETTI
Ricupero costurava o ponto mais difícil do encontro, o que tratava dos recursos financeiros. Os países menos desenvolvidos queriam dinheiro para implementar melhorias ambientais e os mais desenvolvidos não queriam desembolsar. Ricupero não perdia pontos nas discussões. Ao final, ganhou a briga e um apelido - "golden hands" ou "mãos douradas". A marca de um hábil negociador ele imprimiu à sua gestão no Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. Em apenas seis meses de gestão, Ricupero procurou fechar acordos entre madeireiros e ambientalistas radicais, entre militares e indigenistas. "Ele emprestou prestígio ao meio ambiente", diz o deputado federal Fabio Feldmann (PSDB-SP). Seu nome surgiu em um momento particularmente conflituoso na Amazônia. O massacre dos índios ianomami havia acontecido há meses e a figura do diplomata era apaziguadora -embora a questão indígena fosse uma questão da Funai (do Ministério da Justiça). Apoiou a presença dos militares na Amazônia. "Às vezes esta é a única presença do Estado na região", justificava. Uma de suas dificuldades foi exatamente com um setor militar - aquele que entende que a demarcação das terras indígenas é um limite para a exploração de minerais. A eles, Ricupero falou o que está na Constituição: a exploração minerária em terras indígenas pode ocorrer, desde que regulamentada. Internamente, procurou consolidar o Ministério e transformá-lo em um órgão perene. Tratou de melhorar o desempenho dos empréstimos internacionais para a Amazônia, o Pantanal, a Mata Atlântica, as zonas costeiras, o cerrado e a caatinga. "Ele estimulou a negociação política em torno das questões ambientais", diz Eduardo Martins, coordenador no Brasil de uma das maiores entidades ambientalistas do mundo, a WWF -Fundo Mundial para a Natureza. Texto Anterior: Dúvida maior é efeito futuro Próximo Texto: Ricupero confia no sucesso do plano Índice |
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