São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Cursos no exterior têm 2 mil vagas

DA REPORTAGEM LOCAL

No mercado de estágios e cursos de nível superior no exterior, o que vale é a competição. As possibilidades de estudar fora, nesse nível, já estão determinadas pelas leis que valem no mercado de trabalho: concorrência e preparo.
Diferente dos intercâmbios colegiais, onde o importante é saber escolher os cursos e a hospedagem para não cair em escolas-arapucas ou virar um empregado doméstico, nos cursos superiores é preciso ter um bom currículo, proficiência em língua e atividades profissionais ou de pesquisa na área de atuação.
Há quatro ou cinco vezes mais candidatos para as cerca de 2.000 vagas oferecidas pelas agências de serviços de intercâmbio cultural sediadas na cidade (e que são oferecidas para todo o país).
Poucas opções
"Não tenho dicas para quem quiser estudar lá fora. As pessoas não têm muita escolha. Elas têm que ter preparo", diz Celso Luiz Garcia, dono da Central de Intercâmbio, que oferece cerca de 500 bolsas por ano (veja as opções no quadro ao lado).
Garcia diz que os candidatos são selecionados pelo desempenho no curso, atividades paralelas (estágios, cursos e pesquisas) e o "esforço pessoal". Isto é, o candidato que encontrar uma contrapartida, uma vaga, para um estudante do exterior, tem mais chances de conseguir a sua própria.
Para ser candidato a uma vaga na Central de Intercâmbio (e nas outras agências que cobram pelo serviço), o estudante precisa reservar de US$ 150 a US$ 200 (cerca de CR$ 120 mil a CR$ 150 mil), além do dinheiro para a passagem e seguro pessoal.
Na Central, a inscrição custa 20 URVs (cerca de CR$ 16 mil). Caso consiga a vaga, paga mais de US$ 130 a US$ 230, dependendo do curso.
"Multiculturalismo"
Na Aiesec, que ajuda os candidatos a obterem bolsas de cursos de um mês e meio a até 18 meses de duração, além do preparo cultural e acadêmico, o candidato tem que demonstrar capacidade de se adaptar e entender culturas diferentes.
Além disso, deve saber divulgar a própria cultura brasileira no exterior. "Não queremos candidatos que só tenham lugares-comuns a dizer sobre o país", diz Kátia Sumire Yokoyama, diretora da Aiesec.
Os candidatos da Aiesec passam por um exame de quatro fases. A princípio, são analisadas a ficha acadêmica e profissional do candidato. Na segunda fase, o estudante é submetido a um teste de línguas.
Depois os candidatos participam de uma dinâmica de grupo, com outros candidatos e um psicólogo. Nessa fase, se analisa a capacidade de o candidato conviver com diferenças e se adaptar e compreender a cultura de um país diferente. Por último, o estudante passa por duas entrevistas individuais.
Na Aiesec, a inscrição custa US$ 30 (cerca de CR$ 24 mil), o teste de línguas US$ 80 (CR$ 64 mil). Conseguindo a bolsa, o estudante paga mais US$ 150 (CR$ 120 mil). A Aiesec é uma entidade internacional, com sede em Bruxelas, gerida por estudantes, sem fins lucrativos.
Além das agências que prestam serviços para candidatos a cursos no exterior, há serviços gratuitos de orientação das possibilidades disponíveis. A Associação Alumni, por exemplo, tem um serviço que indica as opções de estudo da pré-escola ao pós-doutorado nos EUA (veja texto abaixo).
A Comissão de Cooperação Internacional da Universidade de São Paulo (CIC-USP), além de cuidar dos programas internos de intercâmbio de alunos, pesquisadores e professores, tem uma central de documentação de ofertas aberta ao público.
Todos os meses, a CIC tem cerca de 20 novas ofertas de bolsas, cursos e estágios nas universidades do exterior. A CIC não dá informações pelo telefone -os interessados têm que se deslocar até o campus da USP. O serviço é gratuito.

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