São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Estilo dominante é a "pop art política"

DA REPORTAGEM LOCAL

O estilo chinês dominante no pós-89 é, por enquanto, o batizado como "pop pós-Tian An Men" ou "realismo cínico". Revelado ao mundo capitalista em 1993, em Hong Kong, esse estilo surpreendeu por dois motivos.
Primeiro, por ser originado de uma corrente artística tão americana quanto o rock e o jeans: a pop art. A pop art nasceu na Inglaterra em 1957 com Richard Hamilton, mas os americanos nos anos 60 a tomaram como a um credo.
Artistas como James Rosenquist, Claes Oldenburg, Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg (que terá obras na 22ª Bienal também) e Andy Warhol adotaram na arte o imaginário da sociedade de consumo contemporânea, usando técnicas da história em quadrinhos, do cinema e da TV.
Segundo, os chineses surpreenderam porque sua pop art se voltou para os aspectos políticos, confrontando o imaginário da propaganda comunista com aquele da comunicação de massas.
Grande crítica
O quadro mais famoso, que representa o estilo como nenhum outro, é um da série "Grande Crítica" feita por Wang Guangyi, 37, e exibido na exposição de 1993. Mostra dois soldados, um com um quepe estrelado e o outro com uma baioneta, em uma imitação de anúncio da McDonald's. Um grande "M" se destaca do fundo.
Outro quadro conhecido é o retrato de Mao pintado por Yu Youhan, 50, que mostra o rosto do líder comunista cercado por flores flutuantes. E "Intercontinental Dialogue" (1989), de Li Shan, 49, também surpreendeu com uma imagem irônica de URSS e EUA esbravejando um com o outro.
Todos esses artistas ficaram anônimos durante a década de 70 e só chegaram ao mercado exterior por volta de 1989. Agora aguardam o estabelecimento do livre-mercado na China Continental. Os mais importantes, até agora, são representados pela Hanart TZ de Hong Kong.
Trajetória
O estilo de Deng Lin pode não ter muito em comum com o de seus colegas mais conhecidos no Ocidente, mas sua trajetória é emblemática da arte chinesa contemporânea.
Nascida em 1941 na província de Hebei, Lin estudou em Pequim durante a Revolução Cultural (1966-1970) e só começou carreira como artista em 1977, aos 36 anos. Desde então participou de exposições coletivas em Nova York e Tóquio.
Sua primeira individual aconteceu só em 1988, na galeria Hefner em Nova York. E sua primeira individual em seu país, só em 1992, no Museu de Arte da China, em Pequim (a série "Ecos Distantes"). A próxima exposição individual será em maio próximo, na Hanart TZ.

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