São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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FHC pede união da equipe

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, decidiu deixar o cargo com manifestações da equipe econômica sobre a criação do real. O objetivo de FHC é evitar interferências do grupo de Juiz de Fora no programa econômico.
A maior preocupação de FHC é com prováveis divergências entre os assessores da Fazenda que elaboraram o plano de estabilização e o Planalto, na fase de criação do real, quando está previsto um período de recessão.
FHC também fez um apelo a Edmar Bacha (assessor especial), Winston Fritsch (secretário de Política Econômica), Gustavo Franco (diretor de assuntos internacionais do Banco Central) e Clóvis Carvalho (secretário executivo) para que esqueçam as divergências técnicas.
O ex-ministro considera que as diferenças entre os membros da equipe somente fortaleceriam o grupo de Juiz de Fora. FHC sabe que o fracasso do plano dificultaria sua candidatura à Presidência da República.
Para evitar que o plano fracasse, a implantação da nova moeda tem de ser acompanhada de elevação das taxas de juros e de medidas que desestimulem o o consumo.
Com a ampliação do espaço do grupo de Juiz de Fora no governo, FHC teme que o presidente Itamar Franco não aceite esse receituário recessivo.
A criação da nova moeda será acompanhada de taxas de inflação baixas –cerca de 5%. Com isso, a economia sentirá maior demanda por moeda (monetização), uma vez que não haverá necessidade de se proteger contra a corrosão pela inflação do valor do din
heiro.
O crescimento descontrolado da procura por moeda acaba gerando mais inflação e comprometendo o programa de estabilização, a exemplo do que ocorreu nos planos Cruzado e Collor. FHC avalia que o maior risco que o plano corre é a rejeição pelo grupo de Juiz de Fora de medidas recessivas a poucos meses do fim do mandato do presidente Itamar.
A criação do comitê da moeda para controlar a emissão do real também é motivo de preocupação. Existem críticas no Planalto com relação à autonomia desse órgão.

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