São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994![]() |
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Safra sem crédito afasta aventureiros
LUÍS NASSIF
Nesta safra, os grandes e médios agricultores tiveram que recorrer a seus próprios recursos para completar o custeio. Não havia mais nem a abundância de crédito agrícola, nem o guarda-chuva do Proagro. Como consequência, nunca o dinheiro foi tão bem aplicado e o investimento tão bem administrado, quanto nesta safra. Além das fraudes à lei e dos prejuízos ao Tesouro, o expediente acabava mascarando as estatísticas do setor. Com a falta de recursos, apenas os verdadeiros agricultores permaneceram na atividade. Agora não. Implantou-se no setor o jogo da verdade, onde os verdadeiros agricultores aparecem, e aqueles que se valiam de esquemas políticos para ter acesso fácil ao crédito rural, mudam de ramo. É evidente que há um longo caminho pela frente, no sentido da modernização agrícola. Os sistemas de comercialização ainda são falhos, especialmente em produtos básicos, permitindo a proliferação de atravessadores. Propostas de ampliação do sistema de bolsas e de leilões eletrônicos -levantadas pelo ex-ministro da Agricultura Antonio Cabrera- acabaram abandonadas na falta de continuidade no cargo que marcou o governo Itamar Franco. Hoje deblatera-se contra a especulação no feijão e acenam-se com medidas esdrúxulas como congelamento e quetais. Se o governo tivesse sido mais consequente, e dado continuidade ao trabalhado modernizador de Cabrera, o consumidor estaria pagando menos e o agricultor recebendo mais pelo feijão plantado. Mas a modernização é inevitável também no campo. E quem não perceber a tempo, não se mantém fazendeiro. Texto Anterior: Colheita recorde traz risco ao agricultor Próximo Texto: Safra bate recorde apesar do governo Índice |
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