São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Ao dar apoio, Itamar se contradiz

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA

O comportamento de Itamar Franco em relação à sua sucessão destoa da conduta que ele julgava ideal de um presidente diante de uma eleição.
Ao apoiar o nome do ex-ministro Fernando Henrique Cardoso para a Presidência e do governador Hélio Garcia para vice, Itamar se contradiz. Em 81, ele apresentou projeto de lei no Senado proibindo a participação de presidente da República nas campanhas eleitorais.
O artigo 1º de seu projeto afirmava que o "presidente estava proibido de participar de qualquer manifestação político-partidária" num pleito.
A lei também deveria atingir o vice-presidente, os governadores, prefeitos e seus respectivos vices. Quem descumprisse essa lei responderia por crime de responsabilidade.
Ao apresentar o projeto no Senado, no dia 8 de abril daquele ano, Itamar afirmou que julgava condenável a influência do poder político nas consultas eleitorais.
"O processo visa assegurar o equilíbrio das contendas eleitorais, de forma que a vontade popular não venha a ser viciada pela tendenciosa influência das máquinas administrativas estatais", sustentava ele.
Pelo seu projeto, o presidente deveria ser proibido de "emitir de público ou que se propague opinião pessoal a respeito de candidato a cargo eletivo ou de partido político".
Caso esse projeto de Itamar estivesse em vigor, ele já poderia ter sido punido por crime de responsabilidade logo que assumiu a Presidência, no final de 92.
Ele influenciou na eleição municipal de Juiz de Fora naquele ano, determinando que seus assessores fizessem campanha em seu nome para o então candidato Custódio Mattos (PSDB).

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