São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994 |
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FHC diz que vai opinar sobre o plano
SUSI AISSA
Em entrevista à Folha, ontem, em sua fazenda Córrego da Ponte, em Unaí (MG), comarca de Buritis, FHC disse que o plano é o seu programa de governo. "Todo mundo sabe que o plano é meu. Vou continuar opinando." * Folha - O sr. já tem um programa de governo? Fernando Henrique Cardoso - Só vou pensar nesse assunto no final de abril. O programa é o plano e vamos sustentar isso até o fim. Folha - Quando a população vai sentir os efeitos do plano? FHC - No segundo semestre a economia estará estabilizada. Não tenho dúvidas disso. As coisas já mudaram muito. Folha - O sr. vai continuar interferindo na condução do programa econômico? FHC - Interferindo, não. Mas sustentando o plano diante da sociedade, isso sim. Folha - Mas o sr. pretende continuar mantendo contato com a equipe econômica? FHC - Manterei contatos frequentes com o novo ministro. A pedido dele. Folha - Há quem entenda que isso não seria muito ético, uma vez que o sr. é um candidato. FHC - Conversa fiada. Todo mundo sabe que o plano é meu, foi feito por mim. Vou continuar opinando. Mas a responsabilidade dos atos não é mais minha. A sustentação do programa, sim. Folha - O sr. pensa mesmo fazer alianças com PFL e PPR? FHC - O PSDB é que encaminha isso. Por que você faz aliança? Para ganhar. No nosso sistema, de dois turnos, todos vão fazer aliança. A grande aliança é do eleitor. Não é a cúpula que decide. É o eleitorado que migra de um para outro. Você só tem uma conversa com quem é desigual. Quando é igual não precisa de aliança. Pega o PT, que está fazendo aliança com o PC do B, um partido atrasadíssimo, que é favorável à ditadura. Por que faz aliança? É porque precisa do voto. É a mesma coisa. Folha - O sr. então aceitaria alianças com o PPR, com o PFL. FHC - Com eles e também com o PDT, PP, PT. Pode ser com o PT. De repente no segundo turno não entra o Lula ou não entro eu. Folha - Será que o eleitor do PSDB vai aceitar o sr. subindo no mesmo palanque do ACM? FHC - Eu já subi ao palanque ao lado do Antônio Carlos Magalhães, do Tancredo Neves, do Lula, de todo mundo. Isso tudo é levar uma discussão que não é real. Qual é a real? Qual é o programa, quem são as pessoas em quem se confia e com quem vai governar. Se o PT quiser fazer aliança para me apoiar, eu ficarei feliz. Eu tenho biografia, eu tenho história. Ninguém vai poder dizer que eu sou de direita, porque eu não sou. Folha - Quem vai financiar sua campanha? FHC - Ainda não sei. Isso ainda está sendo discutido. Folha - O sr. receberia uma contribuição da Odebrecht? FHC - Sim. Desde que seja declarado, tudo bem. Texto Anterior: POR QUE QUERO SER DEPUTADO FEDERAL Próximo Texto: Saiba quem foi Nabuco Índice |
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