São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
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Maluf quer candidatura contra FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Maluf quer candidatura contra FHC
O PPR e, particularmente, o prefeito Paulo Maluf, não se conformaram ainda com a quase certa aliança entre PSDB e o PFL em torno da candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso.
Maluf tem deixado claro aos seus correlionários que não admite a hipótese de, até pelo não-lançamento de uma candidatura própria, o PPR ajude indiretamente o candidato tucano a chegar ao segundo turno.
A irritação de Maluf é maior com o PFL e o presidente daquela legenda, Jorge Bornhausen. Nas conversas com políticos e assessores mais próximos, o prefeito paulistano atribui a Bornhausen o veto à aliança entre PPR e PFL.
A falta da coligação com os pefelistas foi a pá de cal no sonho presidencial de Maluf, muito mais do que as pesquisas que apontaram a objeção do eleitorado malufista à saída do seu líder da prefeitura.
O senador Esperidião Amin (SC), presidente nacional do PPR e um dos nomes lançados por Maluf para concorrer ao Planalto pelo partido, confirmou ontem que o PSDB está fora do arco de alianças do malufismo.
"Vamos prosseguir as conversações com outros partidos sobre coligações, mas o PSDB não está incluído nelas", afirmou Amin. A outra hipótese, defendida por Maluf, é o lançamento de uma candidatura própria.
Durante a semana, Fernando Henrique telefonou três vezes para Maluf, mas não conseguiu falar com o prefeito. A interpretação do círculo mais próximo a Maluf é que o tucano tentava abrir uma ponte ao entendimento.
Mas Maluf faz objeções à candidatura FHC. Depois de já ter perdido o apoio de setores empresariais conservadores que agora apostam no PSDB, acha que o PPR não pode se diluir na frente anti-Lula que está sendo arquitetada.
O perigo vislumbrado por Maluf é que a quase unanimidade conservadora em torno de FHC marginalize sua liderança e solape sua base de apoio para disputas futuras. Daí, a tentativa de minar o palanque que está sendo construído para o candidato tucano.
Amin conversará na próxima semana com dirigentes de PFL, PP, PTB e PL, ainda buscando um nome comum para disputar a eleição. O diálogo com o PFL, principalmente, é encarado com ceticismo pelas relações tensas entre Maluf e Bornhausen.
Mesmo assim, Amin ainda tem esperanças de conseguir articular uma outra frente para disputar com FHC e Luiz Inácio Lula da Silva. "A candidatura do Fernando Henrique depende de circunstâncias de governo e o quadro não é definitivo", acha o senador catarinense.
"O que é definitivo é que o PPR vai preservar seus votos em coligação ou sozinho", disse Amin.(Carlos Eduardo Alves)

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