São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Uma Fapesp para a tecnologia

ÁLVARO RODRIGUES DOS SANTOS
O Estado de São Paulo, por sua expressão produtiva/empresarial/tecnológica, deve, em atendimento às demandas atuais e futuras de seu desenvolvimento, organizar de forma mais profissional e inteligente suas ações de fomento à capacitação tecnológica; seguindo o exemplo de iniciativa e competência que, no campo da pesquisa científica, repassou a todo o país com a criação da Fapesp.
Com essa expectativa, é importante considerar e ponderar algumas questões:
1) No campo da pesquisa científica, o esforço de geração de um novo conhecimento justifica-se por si próprio, esgotando-se na divulgação dos resultados alcançados. No campo da pesquisa tecnológica, o esforço aplicado na produção de um novo conhecimento só se justifica com sua apropriação empresarial (negocial) na produção de bens ou serviços. Ciência e tecnologia constituem, assim, mundos completamente diferentes.
2) O objetivo último e pragmático do fomento tecnológico é a capacitação tecnológica da empresa, donde se depreende que sua ação promotora e financiadora deve estender-se, além da universidade e institutos, a todas as possíveis fontes de tecnologia para a empresa.
3) Ainda que o recente esforço em especializar o DCET e o Funcet (da Secretaria estadual da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico) no campo do fomento tecnológico tenha dado alguns resultados bastante positivos, o fato de esta ação estar regida pelas normas e circunstâncias da Administração Pública Direta impõe-lhe uma série de limitações (depreciação das dotações orçamentárias, insegurança e impontualidade de pagamentos devidos, impropriedade de instrumentos jurídicos para contratação de projetos, vulnerabilidade política etc.) que acabam por fazer que o alcance real de suas realizações fique aquém do minimamente necessário.
Por isso, São Paulo demanda uma ação de fomento tecnológico eficiente e contínua pelo que esta ação deverá se dar sob a "cultura" do mundo da tecnologia e independer dos entraves operacionais da Administração Pública Direta.
Neste sentido, o autor já propôs à SCTDE a criação da Protec - Empresa Paulista de Fomento à Capacitação Tecnológica, com o viabilizador cuidado de que tal providência não implicasse em novas despesas públicas, mas apenas em remanejamentos orçamentários e futuras negociações com a Finep, com o Banespa, com o BNDES, com bancos internacionais e com a própria Fapesp.

ÁLVARO RODRIGUES DOS SANTOS, 51, geotecnólogo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), foi diretor do DCET (Departamento de Ciência e Tecnologia) da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo (governo Fleury).

Texto Anterior: Alagoas 1; 2; 3; Rio Grande do Norte; Maranhão 1; 2; Pernambuco; Sergipe
Próximo Texto: Câmara investiga a lista do bicho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.