São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
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Câmara investiga a lista do bicho

GUTEMBERG DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador da Câmara dos Deputados, Vital do Rêgo (PDT-PB), vai pedir à polícia do Rio cópia dos documentos apreendidos no escritório do bicheiro Castor de Andrade, que apontam possíveis relações de parlamentares com o jogo do bicho.
O promotor de Justiça do Rio Antônio José Campos Moreira afirmou que deverá pedir a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos principais suspeitos de receber propinas de bicheiros.
Moreira é um dos responsáveis pela investigação dos documentos apreendidos no escritório do bicheiro Castor de Andrade.
Se a Câmara entender que houve quebra do decoro parlamentar, o deputado envolvido poderá até perder o mandato, como prevê o artigo 55 da Constituição. A decisão depende de processo interno e aprovação da maioria do plenário.
Vital considerou "da maior gravidade" o fato de terem sido encontrados no escritório do bicheiro Castor de Andrade registros de pagamentos a deputados federais. Afirmou que a procuradoria da Câmara tem a obrigação de "apurar as responsabilidades".
Só depois de examinar a documentação Vital poderá dizer se o caso justifica ou não a convocação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), como a que apurou o escândalo do Orçamento.
"Talvez não precise. Se os documentos forem suficientes, não tem por que instalar CPI, que só iria procrastinar", afirmou.
Na opinião de Vital, a apuração é necessária mesmo que se caracterize que os políticos receberam ajuda eleitoral. Na CPI do Orçamento, os casos de ajuda para campanha foram deixados de lado.
"A fonte da ajuda eleitoral naqueles casos não era espúria. Agora é nitidamente criminal. A apuração tem que ser feita sem a superficialidade daquela CPI", disse.
Já o corregedor da Câmara, Fernando Lyra (PSB-PE), não vê no caso indícios de quebra de decoro parlamentar. Ele informou que a corregedoria não vai se ocupar do caso. "Pelo que li nos jornais, seriam contribuições de campanha. Não tem nada a ver com o exercício do mandato", afirmou Lyra.
O deputado estadual Alcides Fonseca (PPR-RJ) pedirá a criação, na Assembléia do Rio, de uma CPI para investigar o caso.
Colaborou a Sucursal do Rio

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