São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
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Matinês ajudam a 'salvar' o domingo

DA REPORTAGEM LOCAL

Se você ainda não sacou que o domingo não é o pior dia da semana e que suas noites não servem só para comer pizza, aí vai uma boa dica para "salvar" seu dia: as matinês das danceterias de São Paulo, que já viraram opção de lazer para muito teens da cidade.
Para alguns adolescentes, esse é um programa quase obrigatório. Os horários e preços das matinês são os mais variados possíveis (veja quadro ao lado).
"Sempre saio para dançar, quase sempre à noite. Só agora é que comecei a frequentar as matinês", conta Carlos Eduardo Moreira, 15. No último domingo, ele caiu no embalo da dance music e do reggae na danceteria Vektra. Mas confessou que não é fiel à casa: "Eu e meus amigos gostamos de variar porque ir sempre ao mesmo lugar cansa".
Sua amiga Camila Ribeiro do Val, 15, virou promotora das festas que rolam nas matinês de tão fanática que é. Ela explica qual é a sua função: "Distribuo convites na escola e em outros lugares. Com eles, a entrada nas matinês custa menos e o agito da tarde é praticamente garantido".
Camila conta que foi fácil se tornar promotora da Vektra, danceteria na Bela Vista (região central de São Paulo). "Sempre coloquei muita gente aqui dentro", afirma.
As danceterias de São Paulo estão prontas para atender a todas as exigências dessa moçada. São equipadas com o melhor som, telões e luzes. Algumas contam com DJs conhecidos ou investem em shows, como a Aramaçan, em Santo André, que chega a reunir 4.500 pessoas em uma noite.
Outras organizam festas especiais, com promoções que distribuem discos, camisetas e adesivos, como é o caso da Vektra.
Engana-se quem pensa que em matinê só tem "pirralhada". Na maioria das danceterias, o público vai até os 19 anos. E quem bate carteirinha defende as vantagens de frequentar um lugar onde o pessoal que vai tem mais ou menos a mesma idade.
"A primeira delas é que os pais ficam mais tranquilos", conta a estudante Ana Carolina Donatello, 16. Carlos Eduardo concorda: "À noite, sempre sai briga. Em matinê, quase nunca".
Ela e a amiga Andreza Ferriello, 15, também preferem encontrar o pessoal mais parecido com elas. "Às vezes você sai à noite e encontra uns velhos que ficam mexendo com você. Não gosto disso porque fico meio sem graça", diz Andreza.
É mais fácil aceitar a paquera de gente da mesma idade, pelo menos para as meninas. Segundo elas, frequentadoras assíduas de matinês da cidade há dois anos, sempre dá para ficar com alguém nessas baladas. "Se eu acho um cara bonito, peço para alguma amiga falar com ele", conta Andreza.

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