São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
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Cantora é redescoberta

RUY CASTRO
ESPECIAL PARA A FOLHA

É uma ironia que, hoje, Doris Day seja mais lembrada como atriz (seu último filme foi em 1968) do que como a popularíssima cantora que ela foi nos anos 50.
As pessoas primeiro a ouviam nos discos, e só depois a viam no cinema. Era tão popular, na verdade, que só agora, nos anos 90, os estudiosos parecem estar se dando conta de que ela foi também uma das maiores.
Descobriram que seu fraseado e suas inflexões não ficam a dever, por exemplo, aos de Ella Fitzgerald, de quem Doris só não pediu emprestado o "scat singing". E que, tendo de gravar de tudo (inclusive as porcarias que o produtor Mitch Miller impunha aos contratados da Columbia), ela conseguia fazer de qualquer canção uma delícia, com sua dicção de cristal e um jeito moleque e saudável de cantar. Tinha uma vantagem sobre Ella: sempre soube o que as letras significavam.
"Êxito fugaz"
A prova disso está na monumental caixa, "It's Magic - Doris Day (1947-1950)", lançada há pouco pela Bear Family Records (alemã, importada, US$ 180). São seis CDs contendo 146 faixas gravadas entre sua saída da banda de Les Brown e seu sucesso com as canções do filme "Êxito Fugaz".
O som das gravações é um milagre da tecnologia, mas o verdadeiro milagre é Doris Day. Ouvindo-a no frescor dos seus 23 anos, constata-se que, se é verdade que todo artista nasce feito, alguns não se contentam com isso. Preferem, como ela, nascer perfeitos. (Ruy Castro)

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