São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Direitistas invadem a sede do jornal e fazem reféns

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Direitistas invadem a sede do jornal 'Asahi Shimbun' e fazem dez reféns
A polícia do Japão prendeu ontem dois extremistas de direita, seis horas após eles invadirem a sede de um dos maiores jornais do país.
O "Asahi Shimbun" é considerado de tendência liberal em comparação às outras publicações diárias japonesas.
Eles ameaçaram reféns com dinamite, um revólver e uma espada de samurai. Os extremistas protestavam contra a posição defendida pelo jornal quanto ao papel do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Eles prenderam dez pessoas em uma sala de recepção, mas até o meio da tarde mantiveram apenas duas, que nada sofreram. Os dois mais tarde se renderam à polícia.
Os extremistas são membros de um grupo que se denomina "Taihikai", ou Partido da Grande Tristeza. Eles jogaram pela janela do jornal panfletos que diziam: "A mídia é o verdadeiro criminoso de guerra classe A".
Os direitistas disseram que se opunham à cobertura dos assuntos relacionados à guerra feita pelo "Asahi Shimbun" e pela sua subsidiária TV Asahi.
"Nosso país jogou fora os valores tradicionais depois da guerra. Nós desviamos nossa história", diziam os panfletos.
"Não entendemos por que a imprensa japonesa não questiona se os julgamentos de guerra de Tóquio eram ou não apenas julgamentos. Vocês, da imprensa, cometeram um grande crime".
Os extremistas também culparam o primeiro-ministro Morihiro Hosokawa por ele ter se desculpado pelos ataques japoneses durante a guerra.
Este foi o segundo incidente violento registrado na sede do "Asahi Shimbun" nos últimos cinco meses.
Os invasores de diziam discípulos de Shusuke Nomura, um direitista que se suicidou na sede do jornal em 20 de outubro.
Nomura ficou ofendido por uma das publicações semanais do "Asahi", que ridicularizara seu partido em uma charge.
Um dos extremistas, Toshikazu Furusawa, 29, tinha sido motorista e secretário pessoal de Nomura.
O outro, Kuniyasu Uchiyama, 41, foi preso em 1991 depois de participar de um atentado a bomba a um dos líderes do Partido Liberal Democrático.
Segundo a polícia, os extremistas entraram no prédio principal do jornal em Tsukiji (centro da cidade) através do anexo após renderem os seguranças. Eles chegaram a atirar, sem ferir ninguém.
Com 12 milhões de exemplares diários nas suas edições matutina e vespertina, o "Asahi" é o segundo maior jornal do Japão. O primeiro é o "Yomiuri Shimbun".

Texto Anterior: Ex-ministro do Japão é indiciado por suborno
Próximo Texto: Violência nos EUA comove japoneses
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.