São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994
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Ex-ministro do Japão é indiciado por suborno

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-ministro da Construção do Japão, Kishiro Nakamura, 44, foi indiciado ontem sob acusação de ter recebido suborno da empreiteira Kajima Corporation, uma das seis maiores do país.
O indiciamento é o auge da investigação que os fiscais de Tóquio realizam sobre o escândalo de subornos ao qual se vinculam funcionários do governo a empresários do ramo de construção.
O caso já dura um ano e levou à prisão mais de 30 executivos da empresa.
Quatro políticos regionais também foram presos por suborno, mas Nakamura é o primeiro e único político de projeção nacional e do Parlamento (Dieta) japonês a ser indiciado formalmente até agora.
Nakamura é acusado de receber 10 milhões de ienes (o equivalente a US$ 97 mil) de Shinji Kiyoyama, então vice-presidente da empresa Kajima.
Kiyoyama foi preso anteontem sob acusação de suborno. Ele declarou que Nakamura sabia da ilegalidade de suas ações.
Em outro juízo, Kiyoyama enfrenta acusação de subornar o prefeito de Ibaraki, Fujio Takeuchi, e convencê-lo a usar sua influência para pressionar o governo local a dar à Kajima o direito de executar obras públicas.
Antigo braço-direito de Kakuei Tanaka, ex-premiê japonês, Nakamura pertenceu a um pequeno círculo influente do Partido Liberal Democrático (PLD).
Até o ano passado, quando o partido perdeu o monopólio de 38 anos no poder, o grupo mantinha controle sobre a indústria da construção e o seu Ministério.
Em 1992, Nakamura teria recebido dinheiro vivo da Kajima para conseguir, através de sua posição no partido, a anulação de uma comissão de inquérito sobre irregularidades em licitações para obras públicas que envolviam 66 empresas encabeçadas pela Kajima.
O Parlamento japonês decidiu unanimemente em março retirar a imunidade de Nakamura e permitir sua prisão. Foi a primeira resolução deste tipo em 25 anos.
Desde que foi punido pelos parlamentares, Nakamura tem se recusado a responder qualquer pergunta.
A agência de notícias japonesa "Kyodo" informou esta semana que o ex-ministro pode não ser solto sob fiança, por temor de que ele destrua provas do caso.
Se for provada sua culpa, Nakamura terá pena máxima de cinco anos. Os fiscais informaram que 2.620 investigadores interrogaram 9.500 pessoas e confiscaram 25.300 elementos de evidência relacionados ao caso.
Essa investigação foi deflagrada por outro escândalo, que envolveu o influente vice-presidente do PLD, Shin Kanemaru, acusado de sonegar o pagamento de impostos sobre US$ 9,6 milhões recebidos ilegalmente de empreiteiras.

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