São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994 |
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Casos doentios são raros, afirma especialista em psicanálise infantil
DA REPORTAGEM LOCAL A passividade da criança em relação ao consumo mudou nos últimos anos. Hoje, o mercado infantil é um alvo preferencial da publicidade, que cria anúncios específicos para as crianças, diz o psicanalista infantil Nélio Sacramento."Mas não se pode dizer que as crianças tenham se tornado mais consumistas por causa disso. A atitude dos pais diante do consumo é o fator fundamental." Sacramento diz que vê casos de crianças hiperconsumistas no seu consultório, mas, em sua amostra, "os casos não são alarmantes". Sacramento diz que o perigo é haver uma compulsão doentia em comprar: "A criança tenta substituir uma falta emocional com a compra". O psicanalista diz que é difícil diferenciar uma compulsão de um hábito, mas se a preocupação com aquisições torna-se obsessiva a ponto de distrair a criança de outras atividades como simplesmente brincar ou estudar, os pais devem procurar um especialista. "O diagnóstico é difícil e deve ser feito por um profissional", diz. Vaidade "Minhas filhas jamais me pediram algo que tivessem visto na TV." A psicóloga Andréia, 30, e o advogado Luiz Otávio Pacífico, 33, pais de Amanda, 6, e Bruna, 4, são de classe média alta e se dizem indiferentes a grifes e a vaidades consumistas. "A gente tenta criá-las com essa mentalidade", diz Andréia. Numa viagem à Disney, Amanda e Bruna foram com a mãe a uma imensa loja de brinquedos. Andréia diz que ficou mais fascinada com a loja do que as crianças: "A Amanda me pediu uma bonequinha e a Bruna um chiclete." "As duas são supervaidosas", diz o pai. A vaidade consiste em tentar combinar roupas e brincar com os objetos e na penteadeira da mãe. A brincadeira predileta das duas é desenhar. Como Amanda e Bruna, Mariane Michanos é vaidosa. Tem 17 pares de brincos. "É bonito e eu gosto de despejar a caixinha deles", diz. Mariane, filha de um empresário, é criada por uma babá. Aos sábados, sempre sai com o pai para "tomar sorvete e comprar uma roupa bonita". Suas grifes prediletas são a Pakalolo e a Zuchero. Diz que se o dinheiro acabar o pai "pega mais na máquina" (caixa eletrônico). Texto Anterior: Igreja cria programa de emprego para refugiados angolanos no Rio Próximo Texto: Nilo promete afastar policiais Índice |
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