São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
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Adolescentes ganham 1º livro sobre Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Adolescentes ganham 1.º livro sobre Aids
Publicação da Editora Ática, destinada a estudantes de 4ª a 8ª séries, usa ficção para introduzir o tema
A Editora Ática acaba de lançar o primeiro livro sobre a Aids destinado a estudantes de 4ª a 8ª séries. Chama-se "Aids, o Inimigo Avança" e foi escrito por Antônio Barone, 53, infectologista do Hospital das Clínicas. Tem 48 páginas e custa CR$ 6.730,00.
O livro faz parte da série "De Olho na Ciência", publicações paradidáticas que se propõem a aprofundar temas ligados ao currículo de ciência. Foram tirados 30 mil exemplares.
O livro começa com uma curta história. Estudantes que fazem parte da equipe de basquete do colégio vão ao hospital visitar um colega acidentado. Na saída, o médico convence-os a doar sangue. É então que, ao passarem pelas entrevistas e testes que selecionam os doadores, entra o assunto Aids.
As 35 páginas seguintes fazem um apanhado geral sobre a doença, começando pela história da epidemia. O livro explica o que é o vírus HIV, como age no sistema imunológico, como se evita e como se pega a doença, seus aspectos clínicos e tratamentos.
O livro mostra com gráficos os modos de transmissão da doença no Brasil e no mundo. Sabe-se, por exemplo, que as relações heterossexuais já são responsáveis por 21% dos casos de Aids no país. E que as drogas injetáveis representam 29% das transmissão.
Duas páginas são dedicadas às doenças sexualmente transmissíveis, como a gonorréia e a sífilis. A existência dessas doenças é uma porta aberta para o vírus da Aids.
No capítulo prevenção, ilustrações ensinam como se utilizar a camisinha. O último tema trata dos números da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde, já existem no mundo mais de 13 milhões de portadores do vírus. Na América Latina e Caribe são mais de 1,5 milhão. No ano 2000, a infecção pode ter atingido 100 milhões de pessoas no mundo todo.
"Um dos principais alvos das campanhas de prevenção hoje são os pré-adolescentes e adolescentes", diz o médico Barone. "Eles serão as futuras vítimas da Aids. A única forma de fugir a esta ameaça é a informação e a prevenção."
João Guizzo, 51, gerente editorial da Ática, diz que a intenção da coleção é fazer com que o professor de ciência discuta o assunto e leve o aluno a ler o livro. Ele acredita que nesta faixa de idade –de 10 a 16 anos– os estudantes já adquiriram o hábito da leitura.
O livro, no entanto, tem trechos longos e cansativos. E afora seu início ficcional, as informações são tratadas de forma fria e racional. A Aids é apresentada mais como uma lição de casa do que como uma ameaça próxima e real.
O livro também escorrega ao introduzir o tema: os estudantes que concordam em doar sangue não têm mais de 16 anos. Segundo o Ministério da Saúde, só maiores de 18 anos podem doar.

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