São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
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É uma injustiça contra Lula

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – É uma injustiça cometida contra Luiz Inácio Lula Silva, propagada por seus adversários –a tecla será batida durante a campanha. Lula é "acusado" de não trabalhar, já que estaria há muito tempo longe do batente. A informação é verdadeira: de fato, ele não está mais nas fábricas. E daí?
Por trás desse ataque existe uma visão errada, não contra Lula em particular, mas contra a democracia –e esse é, em especial, o ponto que me leva a escrever hoje esta coluna. Não existe nada demais nas pessoas que se dedicam 24 horas por dia à política e vivem dela. E por um simples motivo: sem políticos não há democracia.
Levada a sério, a política está entre os mais nobres dos trabalhos. Sua obrigação é dedicar-se exclusivamente ao interesse público, sacrificando a vida pessoal. Diga-se, porém, que, no Brasil, não raro a vida pública é o meio de enriquecer a vida privada –mas este é outro problema.
Curiosíssimo que tal ataque a Lula venha, com frequência, de Leonel Brizola e Paulo Maluf. Curioso porque ambos também sempre fizeram da política seu trabalho. A diferença, no caso, é a seguinte: ao contrário de Lula, eles foram beneficiados com herança de família. Um dos pais e outro da mulher.
Mais um detalhe: Brizola tanto fala em nacionalismo, evocando-o como religião, mas mantém seu patrimônio no exterior. Na verdade, está aí um exemplo de "perda internacional" tão citada por ele para tentar explicar a crise brasileira.
PS – Por falar em Lula, aproveito para dizer que ele e seu partido não têm moral para atacar a aliança do PSDB com PFL. O PT já se aliou ao PC do B que, até hoje, admira Stálin, ditador da União Soviética, um dos maiores assassinos da história da humanidade. Lembro, aliás, que Stálin chegou a fazer um pacto com Hitler.

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