São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Bomba livra diabético de injeção diária de insulina

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Bomba livra diabéticode injeção diária de insulina
A injeção diária de insulina está com os dias contados. Está chegando ao Brasil uma bomba de infusão que promete revolucionar a vida dos diabéticos. Após dez anos de experiência e mais de 18 mil usuários nos EUA, a bomba provou que facilita o tratamento e diminui as complicações da doença.
Um estudo conhecido como DCCT (Diabetes Control and Complications Trial), patrocinado por várias instituições americanas, acompanhou mais de 1.500 pacientes por dez anos. O resultado divulgado no final do ano passado revelou que quanto mais rigoroso for o controle do nível de glicose (açúcar) no sangue, menor a chance de aparecerem problemas oculares, renais e neurológicos.
A bomba possibilita esse controle mais preciso. Pesa 100 g e é menor do que um bip. Imita a função do pâncreas (glândula que produz o hormônio insulina). A emissão contínua do hormônio é controlada por computador.
Todo diabético que se trata enfrenta dois inimigos opostos: o excesso e a falta de açúcar no sangue (hiperglicemia e hipoglicemia). Pouca insulina aumenta a concentração de açúcar no sangue. Os sintomas são: excesso de urina, sede, náuseas, fome, dor abdominal e falta de energia. Muita insulina baixa a taxa de glicose. Causa suor frio, taquicardia, tremores, fraqueza e visão embaralhada.
Para Fernanda D'Elia, pós-graduanda em endocrinologia do Hospital das Clínicas da USP, o tratamento convencional traz muitas limitações. O diabético deve tomar duas doses diárias de insulina em horário fixo.
As aplicações levam a picos do hormônio. A pessoa é obrigada a obedecer a uma dieta pré-estabelecida 12 horas após a injeção) para evitar uma crise de hipoglicemia.
Caso o diabético resolva correr por 15 minutos, a atividade física aumenta o consumo de glicose, sobrecarrega um equilíbrio precário e pode causar hipoglicemia. Se uma injeção for esquecida, o açúcar não entra nas células e pode haver hiperglicemia. Para André C. Elias, pós-graduando em endocrinologia do Hospital das Clínicas da USP, a bomba devolve ao diabético a possibilidade de controlar sua própria vida.
O médico calcula a necessidade mínima de insulina necessária e passa esse dado para o computador. Se a pessoa quer comer um ovo de páscoa, ela aprende a calcular a dose adicional de insulina que precisa e reprograma sua bomba. Se quiser jogar tênis, desliga a bomba e pára de receber insulina.
Condições como estresse, menstruação, gravidez e infecções, que normalmente descompensam o tratamento convencional, podem ser contornadas mais facilmente com o aparelho. O preço é o maior problema. O pacote que inclui o aparelho e o acompanhamento inicial com especialistas custa hoje cerca de US$ 7.000.

Onde encontrar: DiaPump - r. Alvaro de Menezes 92. Tel: (011) 887-0017

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