São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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O punk morreu?

DA REPORTAGEM LOCAL

Essa história de "punk's dead" (o punk está morto) vem de longe. Logo após o primeiro impacto causado pelo punk na Inglaterra, entre 75 e 77, as pessoas já começaram a murmurar sobre a morte do "movimento".
Os rumores foram aumentando depois que bandas punks assinaram contratos com grandes gravadoras, como a banda americana The Clash, que fez um contrato com a CBS de 200 mil dólares para lançar seu primeiro LP.
Assinar com gravadoras naquela época significava estar a serviço do "sistema", para os mais radicais. Algumas bandas punks, como o próprio Clash, começaram a incorporar elementos de outros estilos de som à sua música.
Um marco na suposta morte do punk foi o "trágico " fim dos Sex Pistols (banda mais marcante do punk), em 78. Depois do fim da banda, aconteceu o "Romeu e Julieta" punk. A morte de Nauseating Nancy, namorada de Sid Vicious (baixista da banda) em circustâncias misteriosas. E a morte de Sid, quatro meses depois, em fevereiro de 79, por overdose de heroína. Ele tinha sido acusado de assassinar Nancy.
Enquanto isso, Johnny Rotten, vocalista da banda, voltou ao seu nome original, e, como, John Lydon, fundou o PIL. A banda incorporou elementos que não eram do punk ao seu som e depois Lydon acabou indo morar em Hollywood, onde assumiu que queria ganhar rios de dinheiro. Vem daí a sua fama de maior "traidor do movimento".
O visual punk acabou sendo incorporado "pelo sistema". Ele foi adotado por mestres da alta-costura e surgiram punks de butique (pessoas que não eram punks mas que se vestiam como eles). Surgiram até bandas de punks de botiques. A Generation X, de Billy Idol, pode ser considerada uma delas.
Foi para se defender disso que os punks adotaram o lema "punk's not dead", que foi pixado em muros não só da Inglaterra, mas de todos os lugares aonde o punk chegou.
E o punk chegou a muitos lugares. No momento em que ele era considerado falido na Inglaterra e nos Estados Unidos, aterrisava com toda força em lugares distantes, como a Finlândia, o Líbano e o Brasil.
Recentemente, os rumores de que o punk tinha morrido (de novo?) cresceram. Isso com o surgimento do Thrash Metal, espécie de fusão do punk com o metal. Foi o sugimento do Thrash que fez com que o Brasil tivesse também o seu grande "traidor do movimento". João Gordo, vocalista dos Ratos de Porão, que antes era punk e hoje faz thrash. João já foi até ameaçado de morte por causa disso.
Apesar dos rumores, os punks nunca deixaram de existir, e mesmo em grupos isolados, continuam acreditando na existência do movimento e garantindo que o punk, 19 anos depois de seu surgimento, continua vivo.

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