São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Acordo final sai em duas semanas, diz OLP

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um acordo definitivo entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina sobre o autogoverno palestino em Gaza e Jericó (Cisjordânia) sai no máximo em duas semanas.
A afirmação foi feita ontem no Cairo, capital do Egito, pelo chefe da delegação negociadora da OLP, Nabil Shaath.
Ontem foram retomadas as negociações da implementação da autonomia palestina, conforme o acordo de paz assinado ano passado em Washington.
Elas estavam suspensas desde 25 de fevereiro, quando um extremista judeu massacrou cerca de 30 palestinos em uma mesquita de Hebron (Cisjordânia).
"A menos que ocorra alguma grande catástrofe... Acredito que o acordo está selado. É irreversível", disse Shaath.
Sob uma chuva de pedras atiradas por palestinos, a polícia de Israel começou ontem a deixar Jericó. Pelo acordo Israel-OLP, o limite para a retirada é o dia 13.
Os primeiros 300 a 500 membros da polícia palestina devem chegar ainda esta semana para iniciar os preparativos da transição.
A retomada ganhou impulso na semana passada. Foi acertada a presença de 160 observadores internacionais para Hebron, onde há cerca de 400 colonos armados em meio a mais de 100 mil árabes.
Os italianos, noruegueses e dinamarqueses que vão trabalhar devem chegar à cidade em no máximo cinco dias.
Faissal Husseini, um dos principais líderes da OLP nos territórios, disse que 49 palestinos que haviam sido expulsos de Israel poderão retornar a partir de hoje.
Entre eles estão 3 líderes da sede da OLP em Túnis (Tunísia), segundo a agência "Reuter" e outros 46 que vivem na Jordânia.
Ontem, o prefeito do assentamento de Kiryat Arba, Zvi Katzover, disse que podem ocorrer novas matanças como a de Hebron "se os colonos judeus não se sentirem mais seguros".
"Uma atmosfera como esta é o que pode levar judeus a atos desesperados", disse ele à comissão israelense que investiga o massacre.
Kiryat Arba é onde morava Baruch Goldstein –único acusado pela chacina– e um dos principais redutos de judeus extremistas.
O brigadiano David Agmon disse em seu depoimento que os tiros disparados pelos soldados para dispersar o tumulto dentro da mesquita podem ter atingido árabes.
Foi preso na Cisjordânia Baruch Marzel, líder dos extremistas judeus do Kach, ao qual Goldstein pertencia. Marzel estava foragido há três semanas, quando o grupo foi colocado na ilegalidade.
Em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, prometeu a manifestantes colonos que eles não terão que deixar os territórios enquanto durarem as negociações com a OLP.
Em conflitos em Gaza e em Hebron, dez palestinos e dois soldados israelenses ficaram feridos.

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