São Paulo, segunda-feira, 4 de abril de 1994
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Palestinos treinam 'mártires' na faixa de Gaza

DO "USA TODAY"

Imtiyaz Mortaja, 18, escreveu um bilhetinho a sua mãe Montakha Skaik e colocou-o em seu passaporte: "Não chore. Nossa vida não significa nada", escreveu ele. "Ser mártir é meu destino e ninguém pode me deter."
Minutos depois, Mortaja pulou sobre um soldado israelense e o atirou ao chão, tentando esfaqueá-lo no pescoço.
Outros soldados chegaram, dispararam dez tiros no peito de Mortaja e quebraram sua mandíbula com um golpe de fuzil. Ele morreu.
Muitos destes mártires são treinados pelo grupo fundamentalista Hamas, na faixa de Gaza.
Notícias sobre os campos de treinamento preocuparam os israelenses. Eles permaneceram em alerta durante a semana, temendo uma vingança dos palestinos depois do massacre de 43 árabes por um extremista judeu.
Os treinamentos são secretos. Mas vários líderes do Hamas, recrutas e seus pais –para demonstrar sua capacidade de revidar o ataque de Hebron– concordaram em ser entrevistados.
Horas depois da entrevista, os líderes do Hamas fizeram um pronunciamento, avisando os colonos judeus de Hebron que deveriam sair em uma semana, ou enfrentariam ataques mortais. "Ordens foram dadas a nossos mártires vivos", afirmaram.
Fotos de soldados mortos do Al-Qassam (ala militar do Hamas) são vendidas por camelôs, e colecionadas e trocadas por crianças.
No princípio da adolescência, os garotos passam a assistir vídeos de soldados israelenses batendo em palestinos, ou sobre a vida dos mártires do Al-Qassam.
Aos 17 ou 18 anos, os garotos são selecionados. Aprendem artes marciais e também como matar com uma faca, bomba ou arma, enquanto aguardam o momento de seu martírio.
"Não pense que os que matam em nome do Senhor estão mortos", escreveu Mortaja em seu bilhete. "Eu verei vocês no céu."

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