São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Chuvas recuperam safra e traz esperança ao sertão da Paraíba

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIANCÓ (PB)

Chuva recupera safra e traz esperança aos agricultores da PB
Depois de dois anos de seca, o verde voltou ao Nordeste. Com área plantada de 8,3 milhões de hectares, a região deverá colher 4,99 milhões de t de grãos em 94.
A produção terá 2,35 milhões de t de grãos a mais do que a de 93, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Piancó (cidade a 370 km a sudoeste de João Pessoa) foi uma das regiões mais beneficiadas pela chuva no sertão da Paraíba.
O agricultor Antônio de Caldas Lacerda, 55, por exemplo, plantou 8 quilos de feijão, 15 quilos de milho e 60 quilos de arroz, além de sementes de abóbora e melancia.
Seu plantio começou em 17 de janeiro, quando começou a chover no vale do Piancó.
Ele deverá colher 2 toneladas de feijão, 6 t de milho e 3 t de arroz. Um terço da produção total será entregue ao dono da terra.
Lacerda arrenda 3 hectares (30 mil metros quadrados) de terra no sítio Papa Milho, próximo ao rio Piancó.
Parte dos grãos será guardada para o plantio no início do inverno de 95. O excedente da produção será doado para ajudar os vizinhos mais necessitados.
Lacerda cria, ainda, duas vacas, dois bezerros e um jumento. Tira diariamente dez litros de leite e vende por CR$ 200,00 o litro. Com isso, consegue dinheiro para as despesas da casa.
"Além do leite, o único produto que venderemos esse ano são as abóboras", diz. Sua expectativa é colher 2 t de abóbora, que serão vendidas por CR$ 100,00 o quilo.
Sua produção de melancias deve ficar em torno de 20 t. A fruta será doada à população porque não há comprador. A oferta é maior do que a procura na região.
Os grãos serão estocados em silos, coisa que o agricultor não fez nos últimos dois anos por causa da seca. Segundo ele, em 92 e 93 só foi possível colher melancia, uma cultura rápida, que requer pouca água. "A seca impediu o plantio de feijão, arroz e milho."
Nos anos de seca, Lacerda afirma ter se alimentado com o excedente da produção de 91 -a melhor colheita dos últimos seis anos.
"Até hoje, ainda tenho três sacos de arroz, além dos 150 quilos de arroz que doei para outros agricultores plantarem", diz.
Ele afirma que se a seca voltar em 95 terá feijão, arroz e milho suficiente. A produção de 94 dá para dois anos.

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