São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ricupero toma posse hoje e promete estabilidade no real

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, toma posse hoje disposto a decidir na segunda quinzena de abril a viabilidade de criação do real em 1º de junho.
Como o novo texto da MP da URV (Unidade Real de Valor) determina que a data de implantação do real tem de ser anunciada com 35 dias de antecedência, a equipe econômica teria de divulgar até o dia 28 de abril se a nova moeda seria criada em 1º de junho.
A posse de Ricupero está marcada para as 11h30, no Palácio do Planalto. Depois, o ex-ministro Fernando Henrique Cardoso e o novo ministro almoçam com a equipe econômica. A transmissão do cargo, às 16h, no Banco Central, será feita pelo ministro interino Clóvis Carvalho, uma vez que legalmente FHC não é mais ministro de Estado.
Durante a solenidade de transmissão, Ricupero dirá que a terceira fase do plano -a criação do real– trará a estabilidade da moeda e taxas de inflação muito baixas. Ele também repetirá que a meta é déficit zero nas contas públicas.
Etapas
Antes de implantar o real será preciso cumprir outras etapas. Ainda nesta semana, um decreto deverá autorizar a conversão de tarifas áreas em URVs e ampliar a conversão de serviços postais –os os malotes postais já estão em URV.
No final de abril ou início de maio, a idéia é converter as tarifas de telecomunicações e de energia elétrica. Os combustíveis deverão aguardar a implantação do real.
Já em maio, o Banco Central autorizará a captação pelas instituições financeiras de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e RDBs (Recibos de Depósito Bancário) em URV, assim como definirá a emissão de títulos da dívida mobiliária federal em URVs.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, somente pretende autorizar empréstimos em geral em URVs tendo como base a própria captação pelo novo indexador quase na véspera da criação do real.
Uma das tarefas mais difíceis de Ricupero será administrar as divergências técnicas dentro da equipe deixada pelo ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
O diretor para Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, por exemplo, defende um ritmo mais veloz para a conversão das tarifas em URVs, no que não tem o apoio do secretário de Política Econômica, Winston Fritsch.
Não existe consenso também com relação às regras cambiais que vigorarão na fase de criação do real. Fritsch e o assessor especial, Edmar Bacha, consideram que a manutenção do câmbio fixo por um período curto forçaria uma queda mais rápida da inflação.
Já Gustavo Franco e o assessor especial da Fazenda, José Milton Dallari, temem que o congelamento temporário do câmbio, a exemplo da Argentina, torne pouco competitivas as exportações.
Gabinete
Ricupero vai continuar utilizando, durante parte do dia, a sala da vice-Presidência onde era seu gabinete do Ministério do Meio-Ambiente e da Amazônia Legal. A assessoria do ministro informou que ele quer continuar próximo do presidente Itamar Franco.
Desde que assumiu o cargo, em setembro passado, Ricupero permaneceu despachando na vice-Presidência, um prédio anexo ao Palácio do Planalto.
Os assessores disseram que o ministro ficou mais próximo do presidente para atender um pedido do próprio Itamar. No Planalto já existe um gabinete especial para o ministro do Planejamento, que vinha sendo usado pelo ex-ministro Fernando Henrique Cardoso.

LEIA MAIS
sobre Ricupero na pág. 1-6

Texto Anterior: Presidente promove reunião
Próximo Texto: Relator vai submeter texto ao PMDB
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.