São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Escândalo do bicho envolve 100

DA SUCURSAL DO RIO

O procurador-geral de Justiça, Antônio Carlos Biscaia, disse ter indícios suficientes para que pelo menos cem pessoas sejam processadas criminalmente por envolvimento com o jogo do bicho.
O chefe de gabinete da procuradoria, promotor Antônio José Campos Moreira, afirmou que entre os nomes figura o do diretor da DAS (Divisão Anti-Sequestro), Hélio Vígio.
O nome de Vígio surgiu numa nova lista encontrada em 17 livros-caixa do bicheiro Castor de Andrade. Os livros estavam em dois dos quatro cofres de Castor abertos ontem por Biscaia.
Outro novo nome surgido foi o do delegado Otávio Seiler, que já foi diretor da mesma DAS. Os nomes do governador Nilo Batista e do prefeito César Maia voltaram a aparecer na lista.
Para Biscaia, há indícios suficientes que podem comprovar a ligação do jogo do bicho com o tráfico de drogas, contrabando de armas e remessa ilegal de dólares para o exterior.
Segundo Biscaia, os livros trazem nomes de magistrados, membros do Ministério Público, jornalistas, políticos e muitos policiais civis, militares e federais.
"São 15 anos de corrupção comprovada. Trata-se de uma contabilidade detalhada, uma prova insofismável da corrupção nesses setores", disse o procurador.
Biscaia contou que na lista da corrupção do jogo do bicho existem policiais "privilegiados, alguns policiais de renome que ganhavam US$ 15 mil todo mês".
A lista inclui também a maioria dos comandos dos BPMs (Batalhões do Polícia Militar), entre eles o 14º (Bangu, zona oeste) e 9º (Rocha Miranda, zona norte).
Biscaia e os promotores Moreira e Mendelssohn Pereira tiveram, porém, o cuidado de afirmar que os dados precisam ser melhor investigados, para saber quem realmente recebia propinas.
Pereira disse que podem existir casos de subordinados que pediam dinheiro em nome dos superiores, mas sem seu conhecimento.
Outros podem ser de ajuda para campanha eleitoral, mas não propinas pagas pelo bicho.

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