São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Acusado diz que é fantasia das crianças

DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante Icushiro Shimada, 49, disse não saber por que os alunos da Escola de Educação Infantil Base fizeram denúncias de abuso sexual contra ele, diretoras da escola, motorista e professora.
Shimada é casado há 17 anos com Maria Aparecida Shimada, 45, diretora da escola, e tem um filho de 13 anos. "Acredito que sejam fantasias de algumas crianças." Leia, a seguir, trechos de sua entrevista:
Folha - O senhor levou o garoto F.J.T.C., como ele disse, para um lugar com camas redondas, onde ele teria sido violentado?
Icushiro Shimada - Não levei. Eu nem tenho contato com a escola. Sou um comerciante.
Folha - Por que, então, essa criança o acusa?
Shimada - Não tenho a mínima idéia. Ele era um garoto disciplinado na escola. Nunca deixamos nenhuma criança sair da Base durante as aulas e as mães tinham livre acesso à escola.
Folha - Outras pessoas também foram acusadas de abusarem sexualmente das crianças: sua mulher e a sócia dela, Paula Milhim Monteiro Alvarenga. Elas faziam fotos e filmes pornográficos com as crianças?
Shimada - Nunca. Temos família. Acredito que isso seja uma fantasia das crianças ou que elas tenham sido induzidas a contar essas histórias absurdas. Minha mulher jamais permitiu nada de errado na escola. Ela brigava para que não houvesse nenhum deslize.
Folha - Por que o senhor fala em indução?
Shimada - Na segunda-feira passada, quando a denúncia foi feita, a mãe do F.J.T.C apontou para mim e perguntou para o menino: 'É esse?'. E o menino gesticulou com a cabeça, negando.
Folha - Mas o laudo do Instituto Médico Legal constatou que F.J.T.C. foi violentado, ou seja, extiste um crime. O que o senhor acha que aconteceu?
Shimada - Lógico que houve um crime. Está comprovado. Eu não quero acusar ninguém sem provas, mas pretendo saber a razão dessa denúncia. Nós queremos a verdade sobre esse caso.
Folha - A professora Célia dava aulas especiais, nas quais beijava o órgão sexual de crianças?
Shimada - Nunca houve aula especial. Célia é auxiliar da minha mulher no Jardim 2. Ela tem um filho de 4 anos nessa classe.
Folha - O motorista Maurício Monteiro Alvarenga abusava sexualmente de crianças dentro de sua Kombi?
Shimada - Essa acusação é impossível. Ele não aparecia na Base. Ele tinha um bar que só lhe dava prejuízos e resolveu vendê-lo para comprar há dez dias uma perua escolar. Ele ia transportar crianças de uma outra escola, pois nós não tínhamos serviço de Kombi.
Folha - O senhor acha que é possível alguma pessoa ligada direta ou indiretamente à escola ter cometido abuso sexual?
Shimada - Não. Nada escapava da minha mulher. Por isso ela teve um derrame nos olhos há um mês, em consequência de um estresse. Essas mães que estão denunciando são pessoas que não conseguiam pagar a mensalidade da escola.
Folha - A população do bairro e alguns pais de alunos se reuniram e depredaram a escola e a casa da Paula. O senhor tem medo de ser alvo desse grupo?
- Tenho medo de que esses vândalos e aproveitadores queiram fazer algo comigo. Já destruíram a escola, onde eu havia investido minhas economias. Sei que os pais de alunos estão solidários com a gente. É horrível ser acusado de uma coisa que a gente não fez.

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sobre o caso à pág. 4

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