São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Bancários acusam Bradesco de coação

DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindicato dos Bancários de São Paulo acusou ontem o Bradesco S/A de coação, sequestro e cárcere privado, ameaças e constrangimento ilegal de funcionários, ao proceder uma investigação interna para elucidar arrombamento em caixa eletônico da empresa em sua sede, na Cidade de Deus, em Osasco (SP).
Ontem um grupo de funcionários do banco entrou com notícia-crime junto ao 6º Distrito Policial de Osasco para apuração de responsabilidade dos atos atribuídos ao Bradesco e, se confirmados, instaurar inquérito policial.
O sindicato acusa o Bradesco de ter assumido o "papel de polícia e Justiça" na investigação do episódio, já que não registrou queixa do arrombamento e, segundo funcionários afastados, até ontem demitiu 12 dos 15 funcionários da área operacional do Bradesco Dia e Noite na cidade de Deus. "Foram demissões sem justa-causa, mas relacionadas ao episódio: perante a comunidade de funcionários e aos seus familiares, foram condenados", afirma Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato.
O arrombamento do caixa eletrônico, de onde foram tirados CR$ 9,935 milhões, ocorreu no dia 12 de fevereiro, entre 2h01 e 2h21, período em em que o sistema de monitoramento fica fora do ar para atualização de todas as movimentações realizadas pelo banco no dia anterior.
Ao voltar o sistema, os funcionários perceberam que o terminal estava com problema. "Mas como nunca havíamos comunicado quando ocorria defeito neste caixa, por estar na sede da empresa e a vinte metros da segurança, não nos preocupamos", afirma Sérgio Rodrigues, que trabalhava no monitoramento naquela noite.
Segundo o Rodrigues e os demitidos Claudiones Aparecido de Andrade, Telmino José da Silva e Rubens Moisés de Souza, apresentados ontem pelo sindicato, os envolvidos tiveram quebrado o sigilo de suas contas bancárias e passaram por exaustivos interrogatórios, onde eram constrangidos e induzidos a assumir o crime. Esses interrogatórios seriam conduzidos por gerentes e membros da inspetoria do banco, que iam buscá-los em casa. "Fiquei das 11h da manhã de um dia até às 2h30 da manhã do outro depondo", relata Claudiones de Andrade.

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