São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Banco financia escolas cooperativas

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo está prestes a assistir a um "boom" de escolas cooperativas –instituições sem fins lucrativos, sustentadas e geridas por pais e, às vezes, professores, que escolhem desde o prédio até a linha pedagógica que será seguida.
O Banco do Brasil (BB) está fornecendo um kit "cooperativa de ensino", que inclui financiamento de até US$ 200 mil (cerca de CR$ 176 milhões). O pagamento é feito em até 60 meses (cinco anos) e os juros são de 12% ao ano.
A idéia surgiu no ano passado, depois que alguns Estados do Nordeste –principalmente a Bahia– e do Sul começaram a implantar essas escolas, muitas vezes sem o "know how" necessário para fazer o empreendimento dar certo.
"Em 92, catalogamos 12 escolas desse tipo. Hoje temos catalogadas cerca de 150 cooperativas de ensino", diz Solange Reche, 47, gerente de Negócios do Sistema Cooperativista do Banco do Brasil.
Na cidade de São Paulo há uma única experiência até agora (leia texto abaixo). Mas, a Associação Intermunicipal de Pais e Alunos do Estado de São Paulo (Aipa) está formando grupos de pais que queiram montar sua cooperativa.
A Aipa calcula que até o ano que vem deverão ser instaladas mais cinco dessas instituições e, até o final de 1995, 16 estarão em condições de funcionamento.
Um primeiro grupo de pais, de Santo André (Grande São Paulo), está tentando alugar uma casa para montar a escola. O financiamento será da ordem de US$ 40 mil (CR$ 35 milhões), da agência do BB do Parque das Nações (Santo André).
Segundo o presidente da Aipa, Mauro Bueno, 40, a cooperativa de ensino tem por princípio a união de pessoas para obtenção de facilidades –no caso em ensino– e melhorar a qualidade da educação sem encarecer o serviço.
Reche, do BB, afirma que essas instituições têm conseguido pagar "em torno de 30% a mais que a média do mercado aos professores, com mensalidades entre 30% e 50% menores que a média".
A cooperativa não visa substituir o ensino público, mas dar uma opção de educação paga para aqueles que hoje têm seus filhos em escolas particulares, afirma Bueno.
Segundo a orientação do BB, para montar uma cooperativa é necessário, inicialmente, reunir um grupo de, no mínimo, 20 pessoas dispostas a trabalhar –e muito.
O grupo deve definir objetivos, organizar-se na forma de uma comissão e nomear um coordenador. Várias perguntas e pesquisas precisam ser feitas para checar a viabilidade do projeto (leia quadro).
No caso da Cooperativa Educacional da Cidade de São Paulo, a pesquisa que havia sido feita constatou demanda de 500 estudantes para pré-escola e todo o primeiro grau. Mas acabou começando de fato com menos de 150 alunos e com ensino até a 4ª série do 1º grau. Daí a necessidade de planejamento e –como todos que atuam na área destacam– de pensar pequeno, ao menos inicialmente.
Assegurada a viabilidade do projeto, monta-se o estatuto da cooperativa, realiza-se a assembléia de constituição e registra-se a entidade na Junta Comercial.
O projeto pedagógico deve ser pensado desde o início e –sugerem os diretores da Cooperativa de São Paulo– é importante ter educadores acompanhando o grupo fundador durante todo o processo de planejamento da cooperativa.
Finalmente, registra-se a escola nos órgãos ligados à educação estadual. E rateia-se os custos de instalação, com quotas iguais para todos os que vão usar a escola.

Banco do Brasil - fornece informações em qualquer uma de suas agências; a coordenação da linha de crédito é feita pela Gerência de Negócios do Sistema Cooperativista, com sede em Brasília, telefone (061) 212-1910.

Aipa - a associação atende em São Paulo pelo telefone (011) 262-0541.

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