São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Bolsas desabam com alta de juros

De Buenos Aires a Tóquio, ações caem com a elevação do custo do dinheiro nos EUA
Da Redação
Um furacão varreu as bolsas de valores do mundo ontem. De Buenos Aires a Tóquio, passando por Nova York –os grandes mercados financeiros da Europa não funcionaram devido ao feriado da Páscoa– houve pesados recuos nas cotações das ações. Causa comum da queda: os juros nos EUA estão apontando para cima.
O sinal para os fortes movimentos baixistas nas bolsas foi dado na abertura da Bolsa de Nova York, com uma enxurrada de venda de papéis. O que poderia ser uma boa notícia para os americanos, divulgada no feriado da Semana Santa –a de que foram criados 456 mil novos postos de trabalho no país em março– teve um efeito devastador para os investidores. A interpretação –aquecida, a economia dos EUA passará a trabalhar com uma inflação maior do que os 2,5% anuais.
Parece muito barulho por nada, não fosse o fato de o Banco Central americano, o Fed (Federal Reserve Bank) ter preventivamente, em fevereiro, elevado em 0,25% os juros que cobra para emprestar dinheiro aos bancos. Com idêntico argumento, fez a mesma coisa no final de março. Os economistas dos grandes bancos e operadores do mercado apostam agora que o BC terá de repetir a dose mais uma vez.
A ação do Fed teve efeitos imediatos sobre as demais taxas de juros. Os bancos elevaram as que taxas cobradas de seus clientes preferenciais de 6% em fevereiro para 6,5%. Os títulos do Tesouro americano de 30 anos, em consequência, deram um salto, de 6,45% em janeiro para 6,8% em fevereiro e 7,42% ontem. Mesmo comportamento tiveram os títulos do Tesouro de curto prazo. Os de três meses foram vendidos pelo Tesouro americano a 3,71% e os de seis meses a 4,02% –as mais altas desde o segundo trimestre de 92.
Como a rentabilidade dos títulos financeiros se elevou, houve uma rápida troca de posições em todos os mercados. As ações caíram, junto com uma série das chamadas "commodities" –prata, café, açúcar, cacau e metais preciosos. Os papéis do Terceiro Mundo, coqueluche até o início deste ano, perderam um pouco mais de seu atrativo.
A Bolsa de Valores de São Paulo –queda de 10,5%– sofreu seu maior tombo desde 29 de junho de 92 (14,8%). A de Buenos Aires caiu 8,44%, a do México 6,1% e, no outro lado do mundo, o índice Nikkei, que mede o valor das 225 ações mais negociadas, recuou 0,8%.

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