São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Mercado dos EUA vive pior crise desde 89

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Seis entre cada sete ações negociadas ontem na Bolsa de Valores de Nova York fecharam em baixa. O índice Dow Jones, que mede a variação das 30 principais ações, caiu 42,61 pontos, fechando a 3.593,35 pontos.
Os fundos mútuos, que representam os pequenos investidores nas bolsas, começam a entrar em pânico. Os analistas de Wall Street temem um desastre caso esses fundos comecem a tirar seu dinheiro do mercado.
Para evitar a saída em massa dos investidores na Bolsa americana, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, afirmou que considera a economia do país saudável.
"Os juros estão altos mas podem voltar a cair", sinalizou Clinton.
Na semana passada, a bolsa de NY caiu 4%, com o índice Dow Jones despencando 138,77 pontos –o pior resultado desde a semana terminada em 13 de outubro de 1989, quando o Dow Jones perdeu 216,26 pontos.
"Grandes empresas estão tirando o dinheiro da Bolsa porque as taxas de juro estão altas e acham que o mercado não vai reagir", diz Alfred Goldman, diretor da corretora A.G. Edwards & Sons.
Taxa de juro alta (estão acima de 7% nos EUA) significa dinheiro caro para as empresas e para o consumidor. Faz cair o consumo a curto prazo e esfria a economia a médio prazo, afetando os lucros das empresas. E é dos lucros que as empresas tiram os dividendos (ganhos) que pagam às pessoas que aplicam na bolsa.
Segundo o Fed (o Banco Central dos EUA), os fundos mútuos têm o equivalente a 11% do mercado de acões. Isso assusta Wall Street.
Hugo Quackenbush, vice-presidente da corretora Charles Schwabdiscount, que administra US$ 28 bilhões de investidores menores, disse ter recebido ordens de vendas de US$ 300 milhões em ações. Foi a primeira vez em mais de um ano que as vendas dos pequenos investidores superaram as ordens de compra de ações.

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