São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994 |
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Regra reduz violência nos aspirantes
MARCELO DAMATO
A principal causa dessa mudança de comportamento é uma das novas regras. Ela determina que toda falta, a partir da 11ª, seja cobrada na meia-lua do time infrator, sem direito a barreira. Para esse cômputo, só são levadas em conta as faltas sofridas no campo de ataque. O objetivo é combater o hábito de transformar as faltas num meio de não deixar o adversário jogar. Dessa forma, uma falta desnecessária cometida aos 5min do primeiro tempo poderá fazer com que o time sofra a cobrança de um tiro livre direto no final da segunda etapa. O resultado é que cada falta, por mais boba que seja, pode acabar sendo decisiva contra a equipe infratora. No último domingo, o Datafolha acompanhou as duas partidas realizadas entre Santos e Palmeiras no Pacaembu. Uma foi válida pelo Campeonato de Aspirantes e outra contou para o campeonato de profissionais. No jogo principal, foram registradas 48 faltas. Na preliminar, ocorreu exatamente a metade desse número. Foram nove faltas palmeirenses e 15 santistas. Duas delas resultaram em gols para o Palmeiras, que ainda desperdiçou outra cobrança, no final do jogo, quando o placar já estava 3 a 3. O menor número de faltas aumentou o tempo de bola em jogo em cerca de 5min, nessa partida. Isso corresponde a um aumento de cerca de 10% na duração do jogo de fato. Segundo o levantamento feito pelo Datafolha, os aspirantes gastam mais tempo para repor a bola em jogo do que os jogadores da equipe principal. Isso foi observado nas cobranças de faltas, laterais, tiros de meta, escanteios etc. Essa lentidão, entretanto, é compensada com folgas pelo tempo ganho com a redução da violência em campo. Com mais tempo de bola em jogo, os índices de fundamentos também são maiores. No jogo entre os aspirantes de Palmeiras e Santos, aconteceram mais passes (737) e mais finalizações (35) do que no jogo das equipes principais e do Campeonato Paulista de profissionais. Os índices de acertos de passes (81%) e finalizações (50%) também foram maiores no jogo de aspirantes, que, em tese, conta com jogadores com menor nível técnico do que o jogo de fundo. Um efeito colateral da lei antifaltas é a redução do número de desarmes, o mais importante indicador da eficiência de marcação de uma equipe. Os aspirantes desarmam menos, com medo de cometer faltas. Próximo Texto: Torneio é "laboratório" da FPF Índice |
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