São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nielsen diz que entrará na Justiça contra CBF

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-treinador de goleiros da seleção, Nielsen Elias, disse que vai processar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por perdas e danos. Ele foi demitido na quarta-feira pelo presidente da entidade, Ricardo Teixeira. Nielsen contou que no fim do ano passado recusou convites da seleção da Arábia Saudita e do Leon, clube do México.
"Quero reparação pelo prejuízo que tive", afirmou. "Só não aceitei as propostas porque esperava ir ao Mundial dos Estados Unidos com a seleção brasileira."
A saída do preparador, que será substituído pelo ex-goleiro Wendell (leia texto ao lado), abriu uma crise na comissão técnica a menos de três meses da Copa –que começa no dia 17 de junho. O técnico Carlos Alberto Parreira e o coordenador Mário Lobo Zagalo defendiam a permanência de Nielsen.
Ao anunciar a demissão, Ricardo Teixeira disse que ela foi pedida por membros da comissão técnica. Parreira, constrangido e abatido, desmentiu. O supervisor Américo Faria negou que tenha pedido a saída de Nielsen.
Américo Faria não desmentiu, mas afirma que o problema não o motivou a "pedir a cabeça" do treinador de goleiros. Faria é o homem de confiança de Ricardo Teixeira na comissão técnica.
A história, segundo Nielsen: em 20 de setembro do ano passado, segunda-feira, um dia após a classificação da seleção para a Copa do Mundo, ele vendeu seu Monza 92 para Américo Faria.
Faria teria perguntado se Nielsen manteria até a sexta-feira seguinte o preço em cruzeiros reais. O preparador de goleiros aceitou. Na terça, descobriu que com a variação do dólar perderia US$ 500.
Telefonou para Faria e perguntou se este aceitaria pagar a diferença. "Então vamos desfazer o negócio", teria dito Faria. Nielsen perguntou: "Mas você não vai ficar chateado?" "O negócio está desfeito", teria respondido o supervisor.
A partir daí, Nielsen nunca mais trabalhou na seleção. Não acompanhou a delegação nos amistosos contra Alemanha, México e Argentina.
A direção da CBF recusou-se a comentar ontem a intenção de Nielsen de processar a entidade. O ex-treinador de goleiros afirmou não saber o valor de seu "prejuízo".
Ele mostrou uma carta enviada por Ricardo Teixeira em 23 de setembro do ano passado, quatro dias após a classificação do Brasil para a Copa, vitória sobre o Uruguai por 2 a 0.
Na carta, Teixeira elogia o desempenho de Nielsen nas eliminatórias. Nielsen desafiou o dirigente a revelar qual membro da comissão técnica pediu sua demissão.
Pesquisa
Trinta e oito jornalistas especializados em futebol, a maioria europeus, apontaram os favoritos à Copa do Mundo em pesquisa promovida pelo Comitê Organizador do Mundial.
A Alemanha aparece em primeiro lugar, com 368 pontos. É seguida de Brasil (354), Colômbia (248), Itália (230), Holanda (225) e Argentina (190). A Alemanha foi citada como futura campeã por 26 votantes. O Brasil é o preferido de 12.

Texto Anterior: No basquete, paulistas lutam por vaga na final
Próximo Texto: Wendell descarta Dida para a Copa do Mundo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.