São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994 |
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Graham formou vários artistas
ANA FRANCISCA PONZIO
Twyla Tharp foi aluna de Graham nos anos 60. A Martha Graham Dance Company, que percorreu o mundo dançando no Carnegie Hall ou nas pirâmides do Egito, recebeu convidados dançarinos como Baryshnikov, Margot Fonteyn, Nureyev, Liza Minelli. Um dos cursos que Graham ministrava, o "Movement for Actors", atraiu inúmeros artistas do cinema a seu estúdio de Nova York –entre outros, Bette Davis, Kirk Douglas, Gregory Peck, Diane Keaton e Woody Allen. Graham também convidou compositores e artistas plásticos para trabalhar com ela. Com isso, influiu em outras áreas. Em 1976, o presidente Gerald Ford proclamou Graham, oficialmente, como um "tesouro nacional", concedendo-lhe a Medalha da Liberdade. Ela chegou a ser cogitada para o Prêmio Nobel da Paz de 1986. Entre vários méritos relacionados, a Academia Sueca acrescentou: "Graham criou uma linguagem universal e, na América segregacionista dos anos 30, ela e seu grupo representaram a integração." A técnica criada por Graham tornou-se a primeira alternativa em treinamento, após o surgimento do balé clássico. Baseada no aspecto mais orgânico da vida humana, a respiração, a técnica desenvolve-se através de movimentos de contração e distensão. Na década de 30, a temática de Graham enfocou a América. Data desta época uma obra-prima: "Frontier", um solo coreografado em 1935, em que Graham evoca os pioneiros que expandiram o território americano. Um filme em perfeitas condições, que mostra a própria Graham dançando "Frontier", integra o programa que comemora os cem anos da coreógrafa. Projetado numa tela colocada no palco, vem marcando a abertura dos espetáculos deste ano. Peças do ciclo grego, como "Cave of the Heart" (1946) e "Night Journey" (1947) também estão no repertório do centenário –provando que a obra de Graham continua absolutamente atual. A inclusão de "Demeter and Persephone", que Twyla Tharp coreografou para a companhia de Graham no ano passado, cria um saboroso contraponto no repertório da Martha Graham Dance Company. Dançada freneticamente ao som de canções do folclore judaico, a peça de Tharp contrasta com a abordagem jungiana de Graham, sobre os mitos gregos. Como observou a crítica Anna Kisselgoff, do jornal "The New York Times", Tharp lida com semideuses, analisados cob uma ótica pós-Woody Allen. Intepretando Graham e Tharp num mesmo programa, Martha Graham Dance mostra, agora, os desdobramentos da arte lançada por sua fundadora na primeira metade deste século. Texto Anterior: Europa festeja 100 anos de Martha Graham Próximo Texto: Beiju; Flap; Álbum; Hully-gully Índice |
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