São Paulo, terça-feira, 5 de abril de 1994
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Adoráveis aberrações

ZECA CAMARGO

Órfãos de Neville Brody não devem ler além desse ponto. Afinal, não vai ser fácil acomodar uma estética tão radicalmente diferente de desenho gráfico no gosto depurado de quem cresceu admirando suas letras finas e recursos visuais tão sofisticados (e tão datados).
Esses mesmos órfãos insistem em reciclar Brody, o homem (santo?) que definiu o estilo das melhores revistas na década passada. Junto com as páginas cada vez mais confusas de revistas como "Ray Gun", "Bikini", "Dirt" e "G Spot", vem também uma tendência de resgate de uma estética popular no desenho gráfico.
O termo "estética popular" é até um pouco vago para definir essa intenção de mostrar algo aparentemente menos elaborado no papel. Muito teórico? De fato. É melhor entender o que acontece com exemplos.
Assim, é na parede de um bar em Salvador que você inesperadamente encontra algo como o pôster da catuaba Tzão da Selva: uma "gostosa" se destaca de um fundo de folhagem selvagem; peles a envolvem e um "insinuante" slogan ("A mais gostosa") completa o quadro.
Outros exemplos podem ser achados nos mais inocentes produtos, de saquinhos de chá da Colômbia às embalagens de sabão em pedra nos supermercados brasileiros –aberrações gráficas prestes a serem adoradas.

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