São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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Ricupero enfrenta pressão de gastos

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O maior desafio do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, é conter as pressões de gastos dentro do governo, que podem comprometer o frágil equilíbrio fiscal do Orçamento de 94.
Nas últimas semanas, vários ministros têm reclamado junto ao presidente Itamar Franco da inviabilidade de manter os serviços públicos essenciais funcionando com os recursos alocados para este ano.
O ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso teme que o Planalto não resista às pressões, sobretudo num ano de eleições. Para ele, sem contenção nas despesas, seu plano corre perigo.
O Ministério da Saúde alega que os US$ 9 bilhões programados pela área econômica para 94 paralisariam os principais serviços e programas no segundo semestre.
A assessoria do ministro da Saúde, Henrique Santillo, afirma que precisa de mais US$ 4 bilhões para viabilizar a vacinação de 2,5 milhões de crianças, doação de remédios a 15,5 milhões de doentes e 7 milhões de internações na rede credenciada.
Hoje nas Minas e Energia, o ex-ministro do Planejamento Alexis Stepanenko, que ajudou a equipe de FHC nos cortes orçamentários, reclama da redução de verba.
Stepanenko pede reformulação no orçamento da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais). Quando estava no Planejamento, aprovou cortes de mais de 89% nos recursos da empresa.
Agora ele considera que a equipe econômica "cortou demais" o orçamento da companhia.
O ministro da Integração Regional, Aluizio Alves, também não está satisfeito com o enxugamento nas verbas do Ministério –que a equipe pretendia extinguir.
Os ministros do Exército, Zenildo de Lucena, da Marinha, Ivan Serpa, e da Aeronáutica, Lélio Lôbo, também cobram da Fazenda a promessa de Itamar de suplementar a verba das Forças Armadas em no mínimo US$ 200 milhões.
Na própria Fazenda, comenta-se reservadamente que as pressões por aumento de gastos poderia levar o governo Itamar Franco a emitir títulos da dívida mobiliária federal nos últimos meses do ano.
O diretor-geral da Polícia Federal, Wilson Romão, também amigo do presidente Itamar, queixa-se de não ter verbas suficientes para compra de equipamentos.
Até mesmo entre a assessoria do ministro da Previdência Social, Sérgio Cutolo, existem dúvidas se não vai faltar verbas para pagar os benefícios. Pode existir um déficit de US$ 2 bilhões em 94.

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