São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agência ajuda idoso a driblar o tédio

AURELIANO BAINCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo tem hoje cerca de 800 mil habitantes com mais de 60 anos de idade. Os acima de 65 anos –faixa de entrada para a "terceira idade", segundo classificação da Organização Mundial de Saúde– são mais 500 mil.
Com um simples telefonema, um idoso pode ter em poucas horas alguém para dirigir seu carro, acompanhá-lo ao cinema, às compras e até distraí-lo com a leitura de um livro. A maioria das agências diz ser capaz de providenciar o profissional desejado pelo cliente no mesmo dia e pelo tempo que necessitar.
Na prática, porém, os que se valem dessas agências não costumam solicitar profissionais temporários, mas acompanhantes e auxiliares de enfermagem para morar na casa. "A maioria dos clientes é composta por idosos que moram só, não são dependentes físicos, e precisam de uma companhia", diz Maria Rosa Pinto, da Equipe Brasileira de Enfermagem.
As agências oferecem acompanhantes com ou sem conhecimentos de enfermagem. As auxiliares de enfermagem são indicadas para idosos dependentes e custam mais caro, pois devem saber aplicar injeção, medir pressão, dar banho, trocar o paciente e preparar sua alimentação. Também devem ter registro no Conselho Regional de Enfermagem (Coren), o que nem sempre acontece.
As acompanhantes acabam muitas vezes fazendo parte do serviço das empregadas domésticas. É também o que acontece com as chamadas damas de companhia. "Elas estão em extinção", diz Leda Icleia Caldas Santos, da Leda Enfermagem e Acompanhantes. "É difícil encontrar profissionais preparados para isso."
As damas de companhia fazem o papel de secretárias particulares, dirigem, tomam decisões na casa e –se necessário– lêem ao pé da cama quando a patroa está insone. Cobram a partir de CR$ 400 mil mensais.
Uma acompanhante cobra entre CR$ 200 mil a CR$ 250 mil por mês para morar no emprego. Auxiliares de enfermagem podem chegar a CR$ 500 mil.
As agências costumam cobrar como taxa cerca de 70% do valor do primeiro salário do profissional contratado. Em troca, oferecem uma carência que vai de dois a seis meses. Significa que, se neste período o profissional deixar o emprego, a agência terá de providenciar outro sem nada cobrar.
Os órgãos de defesa do consumidor recomendam cuidado ao se contratar serviços de agências. Um pequeno levantamento feito junto a anúncios de jornais mostrou que muitas agências estão abrindo e fechando as portas em curto espaço de tempo.
As promessas das casas de repouso também devem ser cuidadosamente checadas. Em alguns casos, o "serviço de enfermagem de 24 horas" prometido não passa dos préstimos de uma única auxiliar de enfermagem.(Aureliano Biancarelli)

Texto Anterior: Produtor de TV é morto com 2 tiros nos Jardins
Próximo Texto: Família é melhor remédio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.