São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994
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Governo de Minas diz não ter verbas

MARIO CESAR CARVALHO

Dos 91 monumentos tombados, só dois estão sendo restaurados, um deles com dinheiro da iniciativa privada
Do enviado especial
O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) de Minas diz não ter verbas para restaurar a igreja da Fazenda Jaguara.
Pior: nem tem idéia de quanto custaria a obra.
A situação do Iepha é de penúria, segundo Ruth Villamarim, 50, diretora de Proteção e Memória do instituto. Dos 91 monumentos tombados pelo governo de Minas, entre eles conjuntos arquitetônicos e centros históricos, só dois passam por reformas de porte: a matriz do Pilar em São João del Rey e o mosteiro de Macaúbas.
Das duas restaurações, só a da matriz do Pilar é bancada pelo governo. Já se gastou US$ 60 mil (cerca de CR$ 55,8 milhões).
A recuperação do mosteiro de Macaúbas, um complexo de 6.500 m2, é obra da iniciativa privada. Um grupo de empresários e a Vale do Rio Doce desembolsaram US$ 100 mil (CR$ 93 milhões) para reformar duas alas do mosteiro.
Há dez anos o Iepha não recebe recursos do governo federal, diz Ruth Villamarim.
Não foi por falta de reclamações de Lêda Torres de Andrade, dona da Fazenda Jaguara, que a igreja está ruindo. "Todos fogem de mim no Iepha", diz.
Segundo Ruth, a principal dificuldade para restaurar a igreja é o fato de ser particular.
Há ainda dificuldades conceituais. "Voltar à forma original, com as peças de Aleijadinho, tudo bonitinho, novinho, seria um pastiche. Não dá para reconstruir a história", afirma Ruth. O Iepha considera que as talhas são de Aleijadinho, mas não há provas de que ele fez o projeto da igreja.
A saída, segundo ela, seria revitalizar as ruínas com um novo uso, empregando-se material industrial, como vidro blindex, para frisar a intervenção contemporânea.
Enquanto o restauro não vem, a dona da fazenda protesta em silêncio. Lêda está pintando uma capelinha muito particular na sede. Nela, seu marido é Cristo e seus netos e sobrinhos viraram anjos.

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