São Paulo, quarta-feira, 6 de abril de 1994 |
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Depeche Mode conquista com clipe interativo
MARCEL PLASSE
O show começou com uma hora de atraso para três mil pessoas. Ingressos a CR$ 20 mil e bebidas a preços de derrubar plano econômico –na época do Cruzado, dava cadeia– filtraram os fãs. Som perfeito, equalizado com o auxílio de um computador, e o telão gigante, que estreou no Brasil, substituindo as 11 telas de vídeo da primeira parte da "Devotional Tour", transformaram o show num clipão virtual-interativo. A "Devotional Tour" já virou disco e vídeo. É uma turnê vitoriosa. O ponto alto da carreira de mais de uma década do Depeche Mode. Não tinha erro. A presença cabeluda do vocalista David Grahan, rompendo com o antigo visual sadomasô, simbolizou a nova direção da banda. Grahan tirou a camisa preta, empapada de suor, e fez diversas poses de cantor cabeludo, mostrando o físico franzino de galã de videoclipe. Enquanto imagens de mulheres mais lindas do que a realidade enchiam o telão, Grahan não se cansava de erguer os braços e assumir pose de crucificação. A primeira parte do show se encerrou, apropriadamente, com "Personal Jesus". Martin Gore, vestindo um macaquinho prateado, era o oposto de Grahan. Foi o chato da noite, ao cantar três músicas lentas na primeira parte do show, inclusive o hit "Condenation", quebrando o ritmo dançante. Na parte musical, guitarra e bateria se mostraram mais interessantes do que os velhos sintetizadores. Gore, promovido à guitarrista, recriou várias frases originalmente gravadas por teclados em sua semi-acústica amarela. A banda tocou os hits "Never Let Me Down Again", "Behind the Wheel" e deixou o público cantar "Everything Counts". Tinha gente até com o nome de sua música favorita em faixa de pano. Depois de uma dúzia de músicas, o primeiro bis atendeu aos berros do público, que insistia na baba "Somebody". Gore cantou acompanhado apenas por piano. Na sequência, a dançante "Enjoy the Silence". O segundo bis teve mais dois hits, "Policy of Truth" e uma recriação com guitarras de "Question of Time". Tudo muito bem, muito bom. Mas os maiores sucessos do Depeche Mode, "I Just Can't Get Enough" e "Strange Love", ficaram na saudade do público. No balanço, Depeche Mode deu a volta nos 90. Colocou guitarras e bateria acústica a serviço de seu pop e sobreviveu com méritos a seus contemporâneos –que um dia serviram de trilha em festa gótica, como Soft Cell e New Order. Texto Anterior: Richard Burton visitou a fazenda em 1867 Próximo Texto: A tarefa mais difícil exige decisão forte Índice |
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