São Paulo, quinta-feira, 7 de abril de 1994
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Empresa de Pelé admite que proposta era menor

MÁRIO MAGALHÃES

MÁRIO MAGALHÃES; ANDRÉ FONTENELLE
DA SUCURSAL DO RIO

ANDRÉ FONTENELLE
Os empresários Roberto Seabra e Hélio Viana, dois dos quatro sócios da Pelé Sports e Marketing, reconheceram ontem que a proposta da empresa para compra dos direitos de transmissão por TV das eliminatórias da Copa do Mundo foi inferior à da concorrente Traffic.
A Folha revelou ontem documentos que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, vai apresentar à Justiça no processo por calúnia e difamação que move contra o ex-jogador Pelé.
Os documentos obtidos pela Folha mostram que a Traffic pagou US$ 1,2 milhão pelo direito de transmissão. A Pelé Sports oferecia US$ 1 milhão pelos direitos de exibição e pela exploração das placas publicitárias nos estádios.
"Reafirmo que Teixeira vendeu mal o direito de TV das eliminatórias", disse Seabra. "Valia até US$ 3 milhões. Oferecemos inicialmente US$ 1 milhão, mas estávamos dispostos a participar de um leilão."
Viana afirmou que a Pelé Sports ofereceria até US$ 4 milhões, caso tivesse sido novamente procurada pela CBF. "Quando nós fizemos aquela proposta, não tínhamos ainda uma avaliação real do mercado. Ricardo Teixeira deveria ter vergonha de apresentar esses documentos."
A CBF vende o direito de transmissão para empresas, que depois o revendem para emissoras. "Isso não é necessário", afirmou Seabra.
Para ele, "a CBF pode fazer diretamente o trabalho. Vendeu os quatro jogos no Brasil da seleção por US$ 1,2 milhão. Nossa empresa comprou os direitos das partidas do Uruguai por US$ 1 milhão e das da Bolívia por US$ 870 mil."
Viana sugeriu que a CBF faça concorrências públicas na venda de direitos de transmissão de competições, para evitar "mal-entendidos" do gênero.
"A Traffic é uma empresa forte e séria e não precisa das benesses da Confederação", acrescentou Viana.
Os quatro sócios da empresa Pelé Sports são Pelé, Seabra, Viana e Celso Grellet.
Em fax enviado à CBF em 12 de setembro de 1991, Hélio Viana, vice-presidente executivo da Pelé Sports, fez a proposta da empresa: US$ 1 milhão por quatro jogos e placas de propaganda.
Em acordo registrado em 26 de junho de 1992 no 3º Ofício do Rio, a CBF vendeu o direito de transmissão à Traffic por US$ 1,2 milhão. O direito de exploração das placas publicitárias, vendido para a mesma empresa, foi negociado separadamente.

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