São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Brizola defende 'candidatura própria'

FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO BORJA (RS)

O ex-governador Leonel Brizola (PDT) não conseguiu manter por muito tempo o suspense sobre sua participação na disputa pela Presidência da República.
Ontem, em São Borja, na fronteira com a Argentina, a 650 km de Porto Alegre, Brizola disse achar que tudo o vai levar a assumir sua candidatura.
"Nossa posição é de candidatura própria", afirmou o ex-governador, que também admitiu a possibilidade de uma aliança com o PPR.
"A cada dia vejo que o povo brasileiro vai precisar de mim, de minha experiência, de meu patriotismo e de minhas idéias. Nunca neguei fogo ao povo brasileiro", disse Brizola.
As declarações foram feitas em entrevista na varanda da casa em que morou o presidente João Goulart. Em São Borja nasceram Goulart e o também presidente Getúlio Vargas.
Brizola negou que tenha estado, anteontem, com o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), com quem teria discutido uma eventual aliança para as eleições de outubro.
Ele, porém, afirmou que Maluf e o senador Esperidião Amin (PPR-SC) têm sido gentis com ele e que há uma "troca de gentilezas e intenções".
Ao ser lembrado da aliança entre Vargas e o ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, Brizola afirmou: "Isto pode ocorrer conosco. Podemos fazer aliança em torno do vice".
Antes, ele dissera não descartar alianças com ninguém e que elas eram bem vindas e necessárias.
A conquista do eleitorado de São Paulo, que poderia ser viabilizada com um acordo com Maluf, é um dos principais desafios de Brizola. Na eleição de 1989, ele obteve apenas 1,45% dos votos dados no Estado aos candidatos à Presidência.
Brizola foi com os três filhos a São Borja para visitar o túmulo da mulher, Neusa –ontem completou-se um ano de sua morte. Em discurso diante do túmulo, o ex-governador ressaltou sua condição de "continuidade de um processo histórico".
"Nós somos uma espécie de contingente escolhido do povo brasileiro. Temos o fio da história. Nós carregamos esta chama votiva da nacionalidade", afirmou.

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