São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Executiva manobra para ampliar consulta às bases

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Executiva Nacional do PMDB decidiu ontem organizar um roteiro comum de visita aos Estados para os candidatos na prévia do partido.
A medida favorece os candidatos José Sarney (AP) e Roberto Requião (PR), que teriam maior dificuldade para realizar estes encontros do que o ex-governador Orestes Quércia (SP).
A prévia servirá para definir quem será o candidato peemedebista à eleição presidencial. Foi aprovada anteontem pelo Diretório Nacional, por 68 votos a 26.
Em carta circular aos Diretórios Estaduais, o presidente nacional do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), também recomenda que os diretórios municipais deliberem e orientem os votos de seus delegados nas prévias. Esta medida também favorece Sarney.
Luiz Henrique disse que o objetivo da recomendação aos diretórios é o de "ampliar a participação das bases".
Ele chega a afirmar que "serão ouvidos os mesmos 250 mil, só que uma parte vai participar de forma indireta, através dos delegados".
A proposta inicial da cúpula do PMDB previa a participação de 250 mil nas prévia, o que ampliava as chances de Sarney.
O grupo do ex-governador Orestes Quércia conseguiu reduzir o colégio eleitoral para 30 mil pessoas.
Reação
A recomendação feita por Luiz Henrique aos diretórios municipais dividiu o partido.
O presidente do PMDB de São Paulo, deputado Roberto Rollemberg, protestou: "Os delegados já estão definidos e o voto é secreto. Eles podem seguir ou não seguir os diretórios municipais", disse.
O roteiro comum para os três candidatos também provocou polêmica. A primeira dificuldade prevista será o deslocamento dos candidatos, já que serão visitados três Estados por dia.
Perguntado se não serão necessários muitos jatinhos para estas visitas, Luiz Henrique comentou: "Candidato que não tiver jatinho para se deslocar que não se inscreva".
Os quercistas acham que a medida favorece Sarney. Com maior apoio nas bases partidárias, já que foi presidente nacional, Quércia teria facilidade para reunir seus aliados nos Estados.
Sarney e Requião teriam dificuldades em muitos Estados. Agora, todos ficam em condições iguais.
O deputado Alberto Goldman (SP) criticou Luiz Henrique: "Isso é loucura. Querem burocratizar o partido. Parece que o Luiz Henrique vive em outro país. Não é assim que se faz política no Brasil".
O senador Ronan Tito (MG) achou a proposta inconveniente: "Não há tempo para fazer as prévias. Então, ficam inventando besteiras. O Quércia já ganhou estas prévias".
Luiz Henrique disse que o objetivo do roteiro é "permitir que todos tenham acesso aos eleitores das prévias".
O presidente do PMDB da Bahia, senador Ruy Bacelar, apoiou a proposta: "Isso dá igualdade a todos. E quem não quiser que não vá aos encontros".
Mesmo tendo prejuízo eleitoral com a decisão da Executiva, Quércia conversou com Rollemberg ontem e aprovou a proposta, segundo relato do deputado.
"Ele acha que, a partir destes encontros, todos os candidatos vão ficar comprometidos em apoiar o vencedor", esclareceu Rollemberg.

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