São Paulo, sexta-feira, 8 de abril de 1994
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Câmara decide abrir sindicância

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Corregedoria da Câmara decidiu abrir sindicância para apurar a acusação de venda de mandato feita contra o ex-deputado Pinga-Fogo de Oliveira (PDT-PR).
O comprador seria o suplente, Abelardo Lupion (PPR-PR). Ele assumiu o cargo ontem à tarde mas não participou das sessões do Congresso revisor.
Pinga-Fogo nega a versão petista. Em sua carta-renúncia, ele aponta o descrédito da população e a sua própria "descrença" nos políticos como razão para sua saída.
Lupion passou a tarde circulando pelos salões da Câmara sempre falando ao telefone celular. Ainda não tinha gabinete. O de Pinga-Fogo foi ocupado pelo deputado José Felinto (PP-PR).
Indignado com as acusações, Lupion disse à Folha que vai interpelar judicialmente Tonelli e Delgado. "Uma insinuação leviana como essa merece ser punida."
O suplente é neto do ex-governador do Paraná Moisés Lupion, cassado em 1965 por crime de corrupção, segundo Delgado. "Esses irresponsáveis até tentaram macular a moral do meu falecido avô para me atacar", disse.
O corregedor Fernando Lyra disse que Pinga-Fogo pode ter mesmo vendido seu mandato. "As acusações são procedentes. Ele tem um passado que faz jus a isso", afirmou. Lyra se refere ao fato de Pinga-Fogo ter sido citado no caso de compra de filiados para o PSD (Partido Social Democrático).
Na época, a Câmara não conseguiu reunir provas suficinetes para incriminá-lo. "Hoje vejo que ele teve uma recaída", disse Lyra. Para o corregedor, a renúncia não passa de uma boa desculpa. "É balela dizer que se envergonha do Congresso", disse.
Caso as denúncias sejam confirmadas, Lupion pode ser cassado e Pinga-Fogo processado pelo Ministério Público. (Daniela Pinheiro)

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